“Vão ao meu show e enlouqueçam!”, foram as “palavras de sabedoria” que Ozzy Osbourne enviou de Los Angeles para Curitiba, em conversa com a Gazeta do Povo, por telefone, na última Sexta-Feira Santa.
Fundador do heavy metal junto com o Black Sabbath, sobrevivente improvável de uma vida de insanidades e, talvez, a personalidade mais carismática do rock, Ozzy toca pela primeira vez em Curitiba no próximo dia 28 na Pedreira Paulo Leminski no festival Monsters Tour.
O “príncipe das trevas” não virá sozinho. Terá a companhia de bandas conterrâneas que tiveram grande influência na consolidação do gênero.
DNA
O fato de Ozzy permanecer vivo depois de tantos abusos chamou a atenção da ciência. Ele é uma das pouquíssimas pessoas a terem todo o seu DNA mapeado, o que ocorreu em 2010. Os resultados foram conclusivos: Ozzy é uma anomalia genética. O caso foi apresentado numa conferência TED. O jornal The Sunday Times, de Londres, chegou a escalar Ozzy para uma coluna com dicas de saúde, afirmando que seu histórico de vida o qualificava para o trabalho. As colunas estão reunidas no livro Confie Em Mim – Eu Sou o Dr. Ozzy.
O Motörhead, de Lemmy Kilmister, fundou o thrash metal ao misturar metal com elementos da fúria punk e abriu caminho para toda a música extrema que veio na sequência. E o Judas Priest, de Rob Halford, que introduziu no metal a indumentária sadomasoquista e o vocal agudo. Mas a estrela da noite é mesmo Ozzy.
Bem humorado, ele conta ter sido procurado por muitos jornalistas brasileiros para falar sobre os 30 anos da primeira edição do Rock in Rio. “Só lembro que desmaiei assim que entrei no avião e as pessoas acharam que eu tinha morrido. Acordei e perguntei: ‘Quanto tempo falta?’. Me disseram: ‘Nós já chegamos’. Mas o show foi fenomenal ”, diz. Mas Ozzy sobreviveu a essa e a muitas outras.
Segundo a autobiografia Eu Sou Ozzy, ele já encarou overdoses, já ingeriu animais vivos: abelhas, formigas, pombos e morcegos. Foi clinicamente declarado morto duas vezes, recebeu diagnósticos de falsos positivos de HIV e mal de Parkinson, quebrou o pescoço num acidente de quadriciclo (e também a clavícula, oito costelas, perfurou os pulmões e passou oito dias em coma), sobreviveu a um absurdo acidente de avião e a 40 anos de consumo extremo de todas as drogas e bebidas.
Serviço
Pedreira Paulo Leminski (R. João Gava, s/nº). Dia 28 de abril. Abertura dos portões às 17h. Início dos shows às 18h30. Os ingressos variam de R$220 a R$1.430.
“Eu estou com 66 anos e me sinto ótimo. Eu nem deveria estar me sentindo tão bem. Mick Jagger tem mais de 70 e ainda está por aí. Eu vou cantar enquanto o povo quiser ouvir, nem que eu termine meus dias cantando em algum bar”, diz Ozzy.
Ainda que tenha 45 anos de carreira, Ozzy afirma que ainda ama estar na estrada com uma banda e ainda sente vertigens antes de subir no palco.
“Há uma linha invisível entre o camarim e o palco. Ante de cruzá-la, fico angustiado e com medo, mas só até atravessar a linha”, diz.
Ozzy, que esteve no Brasil pela última vez em 2013 na turnê de reunião do Black Sabbath, disse que a turnê e uma antologia de suas gravações lançada no ano passado são uma maneira de mostrar que a carreira solo não parou.
Veja Ozzy Osbourne em uma performance ao vivo de “Let Me Hear You Scream”
Ele aproveitou para desmentir boatos de que o Black Sabbath faria um show de despedida no fim do ano. “Eu ouvi isso também, mas não sei de nada”, diz Ozzy. “Sei que Toni [Iommi, guitarrista do Sabbath] está tratando da saúde e esta é a prioridade agora.”
Ozzy diz saber que o lugar do concerto (a Pedreira Paulo Leminski) é “bonito e tem bastante energia” e espera que ela passe para a banda. “Nós vamos tentar fazer o melhor show possível. Nos meus shows, quanto mais a plateia reage a mim, melhor é a performance. Quero dar para meu público cada gota do meu espirito. É assim que o Ozzy faz”, diz.
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