A pianista e cravista curitibana Ingrid Seraphim lança seu primeiro disco solo nesta quarta-feira (23), com um concerto ao lado de convidados na Capela Santa Maria, às 20 horas.
A musicista gravou um álbum duplo, com peças para cravo dos barrocos Jean-Philippe Rameau (1682-1764) e François Couperin (1668-1733), e obras para piano e dos impressionistas Claude Debussy (1862-1918) e Maurice Ravel (1875-1937) – todos franceses.
Compositores formaram “dobradinhas”
A ideia de reunir em um único álbum os contemporâneos Rameau e Couperin, mais Debussy e Ravel, foi inspirada em uma “elucubração” do maestro e cravista Roberto de Regina
Leia a matéria completa“Ingrid Seraphim: Música Francesa para Cravo e Piano” chega aos 70 anos de carreira da pianista e cravista, que é fundadora de duas das instituições musicais mais importantes de Curitiba – a Camerata Antiqua e a Oficina de Música.
Na longa trajetória com a Camerata, que durou até 2001, Ingrid já havia participado de cerca de 15 LPs. Gravar sozinha, quase 15 anos depois de se aposentar do grupo, não era exatamente um projeto pessoal da musicista, que confessa ter topado depois de certa insistência da filha, a historiadora e flautista Elisabeth Prosser – uma das convidadas do concerto.
Obras
O repertório do disco liga as duplas Rameau-Couperin e Debussy-Ravel – para o maestro Roberto de Regina, um dos inspiradores do trabalho, duplas com aspectos em comum (leia mais abaixo).
Mas a temática também tem ligações possíveis com a história de Ingrid, que tocou muita música impressionista na época em que se dedicava exclusivamente ao piano, e que se aproximou da música barroca quando ganhou um gravo do marido, Paulo Seraphim, por volta de 1967.
“Me apresentei muitas vezes com a professora Henriqueta [Duarte] e Fernando Carneiro, que mostravam pinturas impressionistas enquanto eu tocava música impressionista nos anos 60 a 80”, conta Ingrid. “Quando recebi o cravo, decidi chamar as pessoas que gostariam de fazer este tipo de música – o pessoal da família brandão, o pessoal das Belas Artes, Walter [Hoerner]. Começamos a fazer concertos nos festivais de música, que trouxeram o Roberto de Regina. E assim começou a Camerata Antiqua”, lembra.
Lançamento do CD “Música Francesa para Cravo e Piano”. Com Paulo Mestre, Elisabeth Seraphim Prosser, Zélia Brandão, Maria Alice Brandão, Helma Haller e Collegium Cantorum. Capela Santa Maria – Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Dia 23 às 20 horas. R$ 10. CD a R$ 30.
Recital
O concerto de lançamento leva em conta esta linha borrada entre a biografia de Ingrid e a trajetória destas instituições. A apresentação não se limita ao repertório do disco e aponta para a história da musicista ao levar ao palco as irmãs Zélia (flauta) e Maria Alice Brandão (violoncelo), que se juntam a Ingrid e a Elisabeth em lembrança aos começos da Camerata Antiqua; e ao trazer o contratenor Paulo Mestre, integrante do grupo por muitos anos, e a maestrina Helma Haller – ex-aluna da pianista – à frente do coro feminino Collegium Cantorum. “É como se fosse um abraço, uma homenagem de todos”, define Elisabeth.
Para Ingrid, trata-se de fazer música do jeito que sempre fez: com pessoas, como foi ensinada pela mãe, que reunia a família ao redor do piano – tradição que trouxe da Alemanha. “À noite, ela reunia eu e meus irmãos. Meu pai ficava na poltrona, lendo o jornal ou a Bíblia. E nós, em volta do piano, cantando músicas do folclore brasileiro, alemão, italiano. Foi algo que continuei fazendo na adolescência, na igreja, quando recebi o cravo”, conta. “O pianista está sempre só. Mas sempre procurei reunir os músicos. A música sempre esteve presente, felizmente. Ela aproxima as pessoas.”
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