Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar| Foto: Roberto Custódio/JL

Os 45 anos de teatro interpretando autores "malditos" e o papel da vovó maconheira no curta "Tapa na pantera" (clique para assistir) no garantiram à paulistana Maria Alice Vergueiro o título de "musa do underground". No entanto, a atriz garante que não traiu seu fã-clube alternativo ao aceitar o convite da Rede Globo para viver a secretária Leda da série "O sistema", que estréia na sexta-feira (2).

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"Tenho minhas convicções. Não faria uma novela, por exemplo, Deus me livre!", explica Maria Alice. "Aceitei fazer a série porque é um formato inovador na televisão brasileira. É uma comédia que dá espaço para o improviso, é uma sátira da contracultura e traz novos atores", completa.

Dentro desse grupo de "novos atores", Maria Alice está se referindo à estreante Lúcia Bronstein, que na série interpreta a personagem Trash, uma vítima do "sistema" e o curitibano Claudinho Castro. "Sou novata. Veterano é o Selton Mello, que tem 20 anos de televisão no currículo", diz a atriz de 72 anos.

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Na série de seis episódios escrita pelos autores Alexandre Machado e Fernanda Young, Maria Alice vive a secretária do fonoaudiólogo Matias (Selton Mello), que depois de dar uma resposta malcriada a uma atendente de telemarketing tem seus dados cadastrais apagados. Matias e sua fiel escudeira Leda passam a integrar um grupo de sabotadores que luta contra o "sistema".

"Você já viu uma sinopse como essa? Vamos falar de teorias conspiratórias, anarquia, aquecimento global, ETs... Numa das cenas vamos conversar com o Bush por telefone!", empolga-se. "Acho que a última vez que vi algo tão revolucionário em televisão foi na ‘TV Pirata’".

PanteraVista por mais de 7 milhões de internautas no curta "Tapa na pantera", a atriz garante que a personagem Leda tem muita coisa em comum com a vovó moderninha do polêmico vídeo que ajudou a popularizar o YouTube no Brasil.

"A rebeldia que a velha maconheira de ‘Tapa na pantera’ demonstra é o que mais conquista os adolescentes. A molecada me adora, percebe que tem liberdade para conversar comigo", comemora a atriz. "E a Leda tem muito dessa rebeldia. Afinal, ela vai lutar contra o sistema. Ela é um trambolho ‘on the road’", define.

Apesar de admitir que a televisão não lhe dá as mesmas possibilidades criativas do teatro, Maria Alice ficou satisfeita com os momentos em que pode improvisar em cena. "Não é uma coisa jogada, sem textos. Os roteiristas propõem um tema e os atores, junto com a direção, decidem como vão desenvolver as cenas", explica.

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Num dos textos que recebeu da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado, a cena apenas dizia que a secretária Leda faria uma "lavagem cerebral" na personagem Greta (Betty Gofman). "Daí eu viajei: declamei um trecho de um poema do Paulo Leminski, citei Aldous Huxley… Nem sei se passou na edição. Tomara que sim", espera a "pantera".