Stephen King deve a fama à sétima arte. Mais especificamente ao sucesso de Carrie A Estranha (1977), longa-metragem de Brian De Palma, que o catapultou ao estrelato. Mesmo quem nunca leu uma linha escrita pelo autor norte-americano, deve conhecê-lo pelas adaptações de suas obras, como Louca Obsessão (1990) e Cemitério Maldito (1989). No banco de dados Internet Movie Database (IMDB), ele é creditado pelo argumento de 172 filmes.
O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, talvez seja a mais famosa adaptação de um livro de King e também uma das mais polêmicas. Depois do sucesso de Carrie e da bem-sucedida adaptação de A Hora do Vampiro em telefilme, o escritor estava otimista com o novo projeto do diretor de 2001 Uma Odisseia no Espaço (1968).
Logo nas primeiras reuniões da produção, o autor entendeu que o filme seria de Kubrick. "Senti que o resultado ficou sem o coração do livro", reclamou ele, logo após o lançamento. Durante anos, a decepção com a adaptação o levou a maldizer o diretor publicamente. O desentendimento só acabou em 1996, quando o escritor comandou uma versão mais fiel para seu livro em uma minissérie televisiva.
"Depois disso, Stephen King passou a controlar muito bem as adaptações de suas obras, usando diretores de confiança como Mick Garris", comenta o jornalista Carlos Primati, editor-chefe da revista CineMonstro, publicada no início dos anos 2000.
Outra adaptação polêmica envolvendo o autor é a de O Passageiro do Futuro (1992), que se inspira em um conto do livro Sombras da Noite. A divergência para o material original era tão grande, que ele processou os produtores por usarem seu nome nos créditos.
Parcerias
O legado de King para o cinema também é associado pela relação com diretores consagrados, como John Carpenter, Rob Reiner, David Cronenberg e Tobe Hooper, entre outros. A parceria com o cineasta George Romero em Creepshow Show de Horrores (1982) chegou a ter o escritor como ator em um dos segmentos.
Da atuação à direção. Em 1986, quando entregou o roteiro de Comboio do Terror (1986) nas mãos do produtor Dino De Laurentis, foi convidado para dirigir o filme. O resultado decepcionou a crítica e o público. Depois disso, ele se limitou aos roteiros.
Um dos cineastas mais lembrados por trabalhar em cima da obra de King é Frank Darabont, hoje conhecido do público por ter levado à televisão a série The Walking Dead. Atrás das câmeras em À Espera de um Milagre (1999), Um Sonho de Liberdade (1994) e O Nevoeiro (2007), o diretor conseguiu extrair o melhor da obra do escritor. E ainda honrar seu legado, que ultrapassa o horror.
Como forma de incentivo para jovens diretores, o escritor possui um projeto em que "vende" os direitos de filmagens de alguns de seus contos por US$ 1. "É uma boa maneira de dar valor às produções desses artistas que, muitas vezes, querem filmar, mas carecem de ideias", diz João Pedro Fleck, um dos responsáveis pelo Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre, o Fantaspoa. Com a iniciativa, Stephen King parece tentar devolver com gratidão o sucesso que obteve por causa do cinema.