Os escritores e cineastas norte-americanos não fizeram uma auto-análise para entender de que maneira os Estados Unidos contribuíram para os ataques de 11 de setembro de 2001, disse esta semana o autor de um novo best-seller sobre os acontecimentos desse dia.
- Acho que tem sido uma grande falha de nossos artistas e escritores o fato de não termos feito uma análise melhor de nós mesmos e de como nosso comportamento contribuiu, até certo ponto, para essa tragédia - disse Lawrence Wright, cujo livro "The Looming Tower", chegou às livrarias na terça-feira.
Quase cinco anos após os ataques a Nova York e Washington, que deixaram quase 3.000 mortos, e em meio ao frenesi de mídia que cerca o lançamento, esta semana, nos EUA, do novo filme de Oliver Stone, "As Torres Gêmeas", o livro foi parar no primeiro lugar da lista dos mais vendidos da Amazon.com, depois de receber boas críticas antecipadas.
- Os EUA perderam muito do respeito que tinham no mundo, e teremos que nos esforçar muito para reconquistá-lo. Mas isso terá que começar com uma auto-análise, e acho que ainda não passamos por isso - disse Wright à Reuters em entrevista telefônica.
Jornalista da revista "The New Yorker", Wright passou cinco anos pesquisando e escrevendo seu livro, que faz uma tentativa de compreender e explicar a ascensão do extremismo islâmico no mundo.
- Quando (Osama) Bin Laden atacou a América, ele nos colocou duas perguntas: 'o que é a América e o que ela representa?', e 'o que é o Islã e o que ele representa?' - disse ele.
- Formulamos a primeira pergunta a nós mesmos como 'é por causa de quem somos, ou do que fazemos?' Acho que é sobretudo pelo que fazemos - disse Wright, apontando para a política dos EUA no Oriente Médio.
Os EUA são criticados há muito tempo no mundo árabe e islâmico por seu viés pró-israelenses, e muitas de suas políticas para o Oriente Médio são mal-vistas na região.
Wright disse que os EUA perderam de vista o que ele descreve como seus valores fundamentais, especialmente o respeito pela lei e o código de decência.
Alguns aspectos da luta contra o terrorismo, travada por Washington desde 2001, incluindo a guerra no Iraque e o tratamento dado a suspeitos militantes, são atacados por críticos que afirmam que os EUA não estão obedecendo a seus próprios padrões de direitos humanos.
Em junho, o presidente norte-americano George W. Bush reconheceu que a prisão militar que os EUA mantêm em Guantánamo, Cuba, prejudicou a imagem do país no resto do mundo.