A cineasta Tizuka Yamasaki, de 56 anos, conversou com o Caderno G por telefone, do Rio de Janeiro (RJ), onde participou da pré-estréia de seu filme, Gaijin Ama-Me como Sou. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Caderno G Por que você escolheu Jorge Perrugoría e Tamlyn Tomita?
Eu queria o Perrugoría, mas ele tinha compromisso. Então fui atrás do Javier Bardem, mas ele estava ocupado. Depois de vários encontros e desencontros, telefonemas e conversas, o Perrugoría me ligou dizendo que seu outro filme havia sido adiado. Já a Tamlyn, eu acompanhava o trabalho dela há muito tempo. É uma atriz com a força da protagonista. Tinha a idade certa, era perfeita para o papel.
Eles foram dublados, não?
Sim, foram. Eu não podia ter os personagens falando com sotaque. Chico Diaz dublou o Perrugoría e Eda Nagayama dublou a Tamlyn, que estudou muito português, mas também falava com sotaque (americano).
Você conseguiu transpor o seu filme para a tela exatamente como o imaginava?
Tem muita coisa que foi se modificando no meio do caminho. Porque eu filmo muito assim, entendeu? Eu vou com um projeto muito bem definido, mas aberta para aceitar transformações, se elas forem úteis ou interessantes. Eu tive muitos percalços, como a morte da Nobu McCarthy (atriz canadense que chegou a trabalhar no filme Karatê Kid 2 e, em Ama-Me como Sou, faz a filha da protagonista em idade avançada).
Você ficou satisfeita com o resultado?
Sim, muito.
Faria algo diferente?
Agora, não. Talvez, daqui a dez anos, eu veja o filme e fale: "Poxa, deveria ter feito isso ou aquilo". Às vezes, com Gaijin Caminhos da Liberdade, eu penso: "Nossa, que merda que eu fiz".
Por que a escolha de uma música em espanhol de Pablo Milanés para ilustrar um filme sobre a imigração japonesa no Brasil?
A culpa é do Egberto Gismonti. Quem ia fazer a música era o Gilberto Gil. Estava tudo acertado. Só que o Gil virou ministro. Aí, conversando com o Egberto, ele sugeriu o Caetano (Veloso), que estava começando uma turnê pela Europa. Aí, sem o Caetano e sem o Gil, o Egberto disse: "Cancioneiro como você quer, só o Pablo Milanés". Eu achei loucura, mas voltei para o escritório e entrei na internet, na página do Milanés, ouvi as músicas e encontrei uma já gravada, "Amame como Soy", com a Gal Costa. Achei muito interessante a letra.
O que achou da reação da imprensa ao prêmio em Gramado?
Da imprensa especializada? Porque a imprensa em geral foi superbacana. Agora, a imprensa especializada foi um pouco amarga em relação ao meu filme. Eu acho que ela tem sido amarga com os filmes brasileiros em geral, entendeu? É o trabalho deles. Alguém disse que eu sou a bola da vez. Viram (o filme), querendo encontrar defeitos.
Arriscaria explicar o motivo dessa amargura?
Não quero criar polêmica. (IN)