Um homem condenado por três homicídios explica por que cometeu os crimes. Cresceu com a mãe, o irmão e um tio. Na infância, as torturas consistiam em coisas como o tio esfregar sal em seus olhos e seu irmão lhe assustar constantemente. Junto com isso, a mãe, quando não era ausente, lhe aplicava castigos físicos.
Adulto e atormentado, sem conseguir dar um rumo à própria vida, ouvia constantemente vozes que lhe ordenavam: mate o maior número de pessoas possível. Comprou uma arma com facilidade e chegou a uma praça. Pensou e foi para casa, onde disparou os tiros contra a família.
Por mais assustadora que a história possa parecer, em alguma medida, a atitude do assassino demonstra um grau de saúde emocional, já que ele feriu quem realmente o prejudicou.
Pelo menos é o que explica Oliver James em Como Desenvolver Saúde Emocional.
Na introdução, o escritor, que tem formação em psicologia clínica infantil, pergunta: “Você é emocionalmente saudável?”
Ficamos sabendo que a pessoa idealmente saudável nunca tem falhas, sabe o que os outros estão sentindo e tem um bom humor quase inabalável. E sabemos também que não existe ninguém assim.
Entretanto, é possível melhorar nesse aspecto, o que envolve um ponto fundamental: saber quem você é.
Para ter uma boa noção de self, ou seja, de possuir a própria identidade e viver no presente, são necessárias certas desconstruções, diz o autor.
Oliver James. Tradução de Cássia Zanon. Objetiva, 176 pp., R$ 26,90.
A primeira é se livrar de padrões impostos pela família (e ele vai dando uma série de exemplos), do chamado “determinismo genético”. Há padrões impostos para nós mesmos que não escolhemos, porém, quando os percebemos, podemos modificá-los.
James também dá várias explicações sobre como a falta de saúde emocional acontece por causa da infância – se a criança tiver um cuidador amoroso, fala, a chance de ser emocionalmente saudável é maior. A influência da criação e da infância é até supervalorizada. Há inclusive uma espécie de culpabilização exagerada dos pais.
Mas a obra ganha pontos pelos exemplos – o que ajuda a situar bem o leitor que quer ao menos tentar melhorar sua saúde emocional, que, faz questão de frisar o autor, é bem diferente de saúde mental (há estados de humor que são patológicos, e que precisam de ajuda médica).
O fator mais interessante de ler o livro da série é ficar confortável em saber que a felicidade é momentânea. São sensações de prazer, e não um estado constante. Podemos respirar aliviados.
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