O Festival de Dança de Joinville chega à 33ª edição consolidado como um dos principais eventos do gênero do país e com o desafio de manter a essência diante da grande variedade e dimensão comercial que tomou. O evento é reconhecido pelo Guinness Book como maior do mundo em número de participantes. Neste ano, durante os dez dias do evento, participam aproximadamente 6,5 mil pessoas, entre bailarinos, estudantes e profissionais da dança.
A programação do evento conta com uma série de atividades voltadas para diversos públicos. O Centreventos Cau Hansen, a casa principal do festival, sediou a noite de abertura – com Quebra Nozes do Bolshoi Brasil –, sedia a noite de Gala, que ocorre nesta segunda-feira (27) – com a companhia Evolution Dance Theatre, da Itália – e a Noite do Campeões, que encerra o evento no próximo sábado (1º de agosto). No mesmo local, que não é um teatro, mas uma arena multiuso, ocorrem as oito tradicionais noites competitivas, que contam com a participação de 107 grupos apresentando 196 coreografias.
As apresentações com competição têm um clima de estádio de futebol, com muita torcida, animação nas arquibancadas e quase nada de solenidade. Os grupos que participam dessas noites passaram por rigorosa seleção, o que leva a organização a definir que nessas mostras estão “os melhores da dança brasileira”. As modalidades são Balé Clássico de Repertório, Balé Neoclássico, Dança Contemporânea, Jazz, Sapateado, Danças Populares e Danças Urbanas.
Paranaenses
Os paranaenses estão tendo destaque nas competições de Jazz do Festival de Dança deste ano. Até agora, foram quatro premiações para o estado, todas nessa categoria. Voltam a se apresentar na Noite dos Campeões o Espaço Artístico Nicole Vanoni, que ganhou primeiro lugar no solo masculino sênior e teve um indicado para melhor bailarino do festival. E o grupo Eliane Fetzer venceu no conjunto sênior. Este grupo também ficou o terceiro lugar no duo sênior, categoria em que o Nicole Vanoni tirou a segunda colocação. No total, serão apresentadas 16 coreografias de cinco grupos paranaenses nas noites competitivas do Festival. E contando com os palcos abertos, são 50 grupos paranaenses participando do evento.
Para os entendidos da dança, é uma boa oportunidade para verificar o que está acontecendo no país. Para o público leigo, é uma ótima alternativa de entretenimento, pois as coreografias são curtas – cerca de 5 minutos – e diversificadas. Na noite competitiva de sábado (25), por exemplo, havia competições de Balé Neoclássico e Danças Populares.
O Balé Neoclássico permite aos coreógrafos utilizarem a técnica clássica, com mais liberdade para concepção coreográfica. Nessa modalidade é possível verificar alguns talentos da criação despontarem. Ao mesmo tempo, é nesse tipo de alternativa em que se vê a possibilidade de errar na mão com grupos em que, sendo amadores, nem sempre têm uniformidade técnica e aptidões físicas entre seus participantes.
As danças populares reúnem uma série de linguagens, do maculelê à dança do ventre, o que deve representar um grande desafio para a comissão julgadora. Os vencedores de Dança Popular Conjunto - Categoria Sênior foram os paraguaios da Academia Elizabeth Vinader, com a coreografia Místico Ritual Samskara. O grupo trouxe para o palco elementos indianos, com direito à réplica de um elefante, projeções digitais como cenário, suspensão de um dos participantes e encenação de um casamento típico. Mas o determinante mesmo foi a sincronia do grupo e animação – com trechos a coreografia que lembravam o filme “Quem Quer Ser um Milionário” – que levou o público ao delírio na apresentação que foi a última da noite.
O ponto de encontro dos bailarinos é a Feira da Sapatilha, que ocorre no Expocentro Edmundo Dowbrava, ao lado do Centreventos. O local é praticamente um shopping com mais de 70 expositores, a maioria com produtos voltados para a dança, mas também há espaço para artesãos e praça de alimentação.
Programação variada
Há ainda a Mostra Contemporânea, a Mostra Estímulo – um espaço para grupos que já tiveram destaque na história do evento – e 65 cursos e oficinas em diversas modalidades, com a novidade do curso Broadway, que está sendo realizado na cidade desde o início de julho. O Festival Meia Ponta é o espaço para crianças participarem da competição. E os seminários de dança contemplam discussões mais acadêmicas, com as graduações em dança em debate neste ano.
Ali, o pessoal passeia trajando figurinos, roupas de ensaio e a indumentária da dança predomina, seja com coques ou com calças largas e tênis do break. Mas, principalmente nos finais de semana, a feira vira uma atração também para a população da cidade, pois ali está um dos palcos abertos, com apresentações gratuitas.
Bailarinas se alongam e treinam giros pelos corredores e volta e meia formam-se rodinhas de danças urbanas e outros estilos mais descontraídos para os participantes mostrarem suas aptidões.
Esse ano a feira, que tem 1600 m², teve o espaço para expositores ampliado. O palco antes ficava em um espaço amplo, onde mesmo quem chegasse no meio das apresentações conseguia assistir razoavelmente e permitia que quem transitasse pela feira acompanhasse o que acontecia. Agora, as apresentações passaram para um anexo, com espaço mais limitado, que tem menos visibilidade e dificulta a vida de quem chega. A feira perdeu um pouco do ar de integração com essa mudança.
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