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Fabiana Gugli e Dan Stulbach encenam versão brasileira de Os 39 Degraus: mistura de gêneros tem garantido sucesso | Divulgação
Fabiana Gugli e Dan Stulbach encenam versão brasileira de Os 39 Degraus: mistura de gêneros tem garantido sucesso| Foto: Divulgação

Entrevista com Alexandre Reinecke, diretor de Os 39 Degraus

Como surgiu a ideia de fazer uma versão brasileira de Os 39 Degraus?

Partiu dos produtores, que me convidaram para a direção. Eles me enviaram a Nova York para assistir à montagem da Broadway, e foi enlouquecedor.

Por quê?

A peça é uma grande brincadeira de teatro, uma celebração. O cara pegou o filme, que é um suspense da década de 30, e contou a história de uma maneira teatral, usando técnicas e recursos estritamente teatrais como mímica, clown, melodrama, teatro de sombra.

Quais os destaques da montagem brasileira?

Não usamos recursos tecnológicos, e sim efeitos como o trabalho de corpo, que é o grande lance da peça. Mais importante do que a história, é como ela é contada. E no Brasil temos uma piada pronta, porque o vilão, no original, não tem dedo mindinho... Teve ignorantes que acharam que nós é que fizemos uma alusão política. Enfim, tem coisas que eu inventei e outras geniais que mantivemos. A grande diferença é que nós temos mais molho, mais suingue, mais humor, não exatamente brasileiro, mas puxa para o humor.

Tem algum outro trabalho engatilhado?

Vou dirigir uma peça inédita do Woody Allen chamada Adultérios, com Marcelo Anthony, que estreia em junho, em São Paulo.

  • Um dos personagens de Danton Mello é piada pronta no Brasil

Quem comprou ingresso para Os 39 Degraus (confira o serviço completo) porque gosta de Alfred Hitchcock deve sair do Teatro Guaíra recompensado. Apesar de ser uma comédia, a peça faz alusão ao mestre do suspense em diversos momentos e tem trama quase idêntica ao filme de mesmo nome do diretor britânico.

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"Trouxemos trechos de músicas de vários filmes dele, como Psicose", contou à imprensa Dan Stulbach, que vive o protagonista Richard. "Fazemos também várias menções a longas-metragens de Hitchcock, como se fossem segredinhos espalhados pela peça", acrescenta Fabiana Gugli, que faz várias personagens femininas. Para completar, a imagem do próprio cineasta aparece em cena, assim como ele se inseria na maior parte de seus filmes.

A história de Os 39 Degraus foi adaptada para o cinema a partir do romance de mesmo nome de John Buchan, em 1935. O personagem Richard Hannay começa o filme intrigado com uma agente secreta de sotaque alemão, Annabela Schimit. Em seguida, é acusado pelo seu assassinato, e parte numa épica viagem à Escócia em busca de informações que possam inocentá-lo. No caminho, surgem os mais bizarros personagens.

A boa trama se tornou um filme de teor expressionista no início da carreira de Hitchcock, mas em que ele já estabelecia as bases de seu suspense. Depois, vieram duas refilmagens e as versões para o palco, em Londres e na Broadway – onde, segundo o diretor da versão brasileira, Alexandre Reinecke, foi o maior sucesso de um não musical até hoje.

O texto das adaptações teatrais é basicamente o roteiro cinematográfico. "Diria que 70% do filme está lá", diz Reinecke. O trabalho tem funcionado em países tão diferentes quanto México e França. A vantagem deste texto em relação a outros sucessos internacionais, na opinião de Dan Stulbach, é que ele não traz obrigações para a montagem. Com isso, a liberdade de adaptação foi grande. "Ficou mais divertido criar assim", diz Dan.

Outro fator que contribuiu para a repercussão do trabalho em São Paulo, onde a peça lotou o teatro do Shopping Frei Caneca desde a estreia em agosto, foi a diversidade das experiências profissionais do elenco. Dan e Danton Mello são conhecidos do público em geral por seus trabalhos na televisão, enquanto Fabiana pertenceu muito tempo à companhia de Gerald Thomas e Henrique Stroeter integra os Parlapatões.

"Procurei deixar que utilizassem suas técnicas", conta Reinecke. Foi assim que foram agregados ao roteiro o teatro de sombra, o melodrama, o trabalho cômico da dupla de clowns (Danton e Henrique). Os dois últimos são responsáveis por boa parte da comicidade da obra, com suas intermináveis trocas de personagens. Há cenas em que, entre tirar e pôr um chapéu e modular a voz, eles alternam personagens quase 50 vezes em alguns minutos.

"Não sei como dá certo", brinca Danton. "Na época de ensaio a gente até se confundia." "É uma maratona dentro e fora de cena durante quase uma hora e 40 minutos", diz Fabiana. Nos bastidores e na assistência técnica, dez pessoas cuidam para que as rápidas trocas funcionem. Para Dan, foi a disciplina do elenco que garantiu a qualidade da montagem.

Multigêneros

Parte do segredo do sucesso da montagem é o passeio que faz por diversos gêneros do teatro. Com bom domínio de todos eles por parte do elenco, o suspense retratado de forma cômica soa natural.

"Não temos nada que nos ajude. Somos quatro atores usando o físico e alguns objetos, brincando de ser milhares de personagens. Isso causa identificação imediata com o público. Inclusive, soubemos de pessoas que nunca haviam ido ao teatro e que saíram estarrecidas", relembra Fabiana.

Empolgação

Ouvir o elenco de Os 39 Degraus falar sobre seu trabalho é ter contato com uma autocongratulação honesta. Se os atores falam muito bem de seu trabalho, o fazem com sinceridade, porque, aparentemente, ficaram satisfeitos com o resultado – e se divertiram com o processo. "É muito emocionante encontrar parceiros como esses", diz Henrique. "É difícil acontecer uma peça dessas de novo na vida de cada um", completa Alexandre. "Tenho certeza de que o público sai mais feliz e melhor do que entrou", garante Dan.

Serviço:

Os 39 Degraus (confira o serviço completo). Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3304-7900. Comédia de suspense. Com Dan Stulbach, Danton Mello, Henrique Stroeter e Fabiana Gugli. Dias 5 e 6, às 21h. Ingressos esgotados.

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