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Elza Soares, Miltinho e Samba, Vol.2 (1968), dirigida por Olinto Simões | Divulgação
Elza Soares, Miltinho e Samba, Vol.2 (1968), dirigida por Olinto Simões| Foto: Divulgação

Que bela coincidência. A mostra Fringe deste ano apresenta duas montagens que prestam suas homenagens a uma das vozes mais marcantes da música brasileira. Elza Soares tem sua vida e obra lembrada nas peças Elza Soares, Miltinho e Samba (confira o serviço completo), Vol.2 (1968) e Se Acaso Você Chegasse.

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Em um clima bem solto e descontraído, o combo curitibano Misturô – Samba no Asfalto, estreou neste domingo a peça que resgata uma das parcerias mais importantes na carreira de Elza Soares: a série de discos lançados ao lado do cantor Miltinho, no final da década de 60. O repertório é cuidadoso com o resgate do segundo volume desta parceria, mas incorpora composições dos outros discos. Com direção de Olinto Simões, a ideia do projeto vem da pesquisa de Janine Mathias, cantora responsável por incorporar o papel de Elza no palco.

Na verdade não é bem um "papel". Janine explica que não existe uma preocupação em tentar seguir à risca os arranjos e interpretações. A preocupação maior está na questão visual inspirada no clima da época. "Nós buscamos uma forma de fazer a releitura de forma honesta, sem parecer uma cópia. Por isso, investimos na aparência do espetáculo, com cuidado no figurino e cenário de boteco no palco" diz a cantora.

O resultado disso é um verdadeiro sambão no teatro, aberto a improvisos e interações com o público. As falas e textos são costurados com as músicas interpretadas pelo grupo formado por integrantes do Combinado Silva Só, junto com Nêgo Xandi, músico e cantor responsável por assumir o papel de Miltinho na peça/show.

Elza Soares, ao lado de Milton Santos de Almeida, carinhosamente conhecido como Miltinho, lançou estes três discos entre 1967 e 1969. Fruto direto dos conjuntos vocais, Miltinho fez parte dos Anjos do Inferno, que acompanharam Carmen Miranda em uma turnê norte-americana. Era cria dos elegantes crooners que embalavam clubes cariocas e a fina nata da sociedade. Uma mistura na medida certa para acompanhar a menina Elza, que descia do morro e esbanjava realidade nua e crua. Na época, ela já colhia os frutos de quase uma década de lançamento do clássico Se Acaso Você Chegasse, com muita malandragem e gírias em entrevistas e apresentações.

Elza Soares, Miltinho e Samba, Vol.2 (1968) tem mais uma sessão marcada para o próximo dia 8, às 21 horas.

A segunda montagem, Se Acaso Você Chegasse, é apresentada pela companhia baiana Arte Sintonia, com direção de Antônio Marques e texto inédito de Elísio Lopes Jr. A companhia existe há doze anos e costuma misturar temas musicais e dança em seus trabalhos, com um "teatro musicado" voltado para a dramaturgia brasileira.

Em uma conversa com a Gazeta do Povo, Marques contou que a companhia "se reúne uma vez por ano para decidir qual será o tema de trabalho abordado". "Foi a atriz e cantora Denise Correia que sugeriu montarmos uma peça sobre Elza. Criamos uma homenagem a ela. Não é uma biografia" diz o diretor. Bem festejada pela crítica baiana, a peça estreou no início deste ano e conta com duas apresentações no Festival: nos dias 9 e 10 de abril. As duas montagens ficam em cartaz no Canal da Música.

Serviço:

Elza Soares, Miltinho e Samba (confira o serviço completo), Vol.2 (1968). Dia 8, às 21 horas. Se Acaso Você Chegasse, dia 9, às 18 horas, e dia 10, às 21 horas. Canal da Música (R. Júlio Perneta, 695 – Mercês).

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