No apogeu, o vocalista Lucas mal podia sair de casa sem parar a todo instante para dar autógrafos| Foto: Luringa/Divulgação

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Emo

O termo é uma derivação de “hardcore melódico”, estilo que remonta à cena de Washington nos anos 1980.

Já faz uma década que o emocore chegou ao ápice da “curva de Gauss”, o gráfico que traduz mais ou menos como se comportam as modas: “uma subida possante, o apogeu que anuncia o início do declínio e a queda aos infernos”, conforme descreve o estudioso de tendências Guillaume Erner.

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A banda gaúcha Fresno, que apresenta pela segunda vez em Curitiba o show comemorativo aos seus 15 anos de carreira neste sábado, no Vanilla Music Hall, esteve neste pico, junto com grupos como CPM22 e NXZero. As músicas tocavam o dia todo no rádio; as bandas estampavam capas de revistas teen e eram presença constante na MTV e em programas na tevê aberta. “Era maluco”, lembra o guitarrista Gustavo Mantovani, o Vavo. “Sair na rua era difícil – principalmente para o Lucas, que é mais a cara da banda. Ele morava na Avenida Paulista e não podia sair para andar três quarteirões sem parar dez vezes para atender as pessoas”, conta o músico, em entrevista para a Gazeta do Povo.

A cena que levou estas bandas ao “mainstream” hoje já é considerada novamente underground. Mas a “queda aos infernos” no caso do grupo gaúcho foi sentida mais como uma descida suave, garantem os músicos.

Tem um deslumbre natural em acordar cada dia mais famoso. Mas a gente sempre viu o momento em que aquilo ia passar

Lucas Silveira Vocalista da Fresno

“Tem um deslumbre natural em acordar cada dia mais famoso”, conta o vocalista, Lucas Silveira. “Mas a gente sempre viu o momento em que aquilo ia passar”, diz.

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Passou, na avaliação do músico, por volta de 2011 ou 2012. Para Silveira, a banda foi bem-sucedida em manter uma parcela suficiente do público que conquistou durante o auge para continuar viável na carreira independente.

Independentes

Hoje, o grupo é evidentemente menos popular do que já foi. Mas continua tendo um público fiel – o repeteco da turnê em Curitiba é uma amostra disso. Não há mais uma grande estrutura de gravadora por trás dos trabalhos e os músicos precisam colocar mais a mão na massa e usar os mesmos canais de comunicação que usam outras bandas independentes. Há meses em que fazem 15 shows. Outros em que fazem três. “E está tudo certo”, diz Vavo.

“Quando saímos [de uma grande gravadora] em 2011, não saímos perdidos. A gente sabia como proceder para gravar o disco seguinte. E toda essa sequência é natural na carreira de uma banda”, diz o músico, que inclui as trocas de integrantes da banda (só ele e Silveira permanecem da formação original) nesta dinâmica.

Estigma

Para Silveira, a Fresno também conseguiu superar a condição de banda que é pichada antes mesmo de ser ouvida – que já foi mais comum, na esteira do status de xingamento que o termo “emo” ganhou quando ficou associado a uma subcultura de sentimentalismo exagerado e franjas penteadas de lado (a origem do nome é uma derivação do hardcore melódico, estilo que remonta à cena de Washington nos anos 1980).

Fresno

Vanilla Music Hall (R. Mateus Leme, 3.690). Sábado, dia 7 de maio, às 20 horas. Abertura da casa às 18 horas. De R$ 55 (meia-entrada) a R$ 176 (inteira), de acordo com o setor.

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“Vejo [o rótulo] como uma coisa que ficou para trás”, conta. “Não foi um movimento. Foi uma forma que encontraram de agrupar bandas que estavam ouvindo mesmo som e fazendo um som com características em comum.”

O show da turnê comemorativa aos 15 anos, que está no final, inclui músicas como “Eu Sei”, “Desde Quando você se foi”, “Infinito” e “Eu Sou a Maré Viva”. A banda ainda deve fazer mais uma turnê comemorativa, desta vez dos dez anos do álbum “Ciano” (2006), antes de voltar ao estúdio.

“Não temos plano de aposentadoria”, diz Silveira.