Houve um tempo em que as barbearias não eram apenas um lugar onde a mocidade ia aparar o pelo. Na metade do século passado, as barbearias eram prestigiados pontos de encontro da sociedade. Local em que cavalheiros iam para saber das novas, contar piadas, ler o jornal, falar mal dos outros e, claro, dar um trato no cabelo com os cortes da época como o “príncipe danilo”, “escovinha” ou “cadete”.
FOTOS: Os barbeiros em imagens
A frequência eloquente dos salões fazia com que os barbeiros fossem mais do que profissionais da tesoura e da navalha (na época permitida pela vigilância sanitária), mas um misto de confessor e conselheiro, parceiro ideal para passar a tarde jogando conversa fora. As gavetas das barberarias também serviam de serviço de recado da clientela, de cartas de amor adúltero a apostas nos cavalos e no jogo do bicho. Deixava-se de tudo depositado com o barbeiro na certeza de que o cliente uma hora daria as caras.
“Pode fotografar. Barbeiros são uma espécie em extinção”, diz Osni Ribeiro, tesoura na mão. Há tempo na lida, personagens históricos de salões tradicionalíssimos de Curitiba guardam causos cabeludos. Shigenobu, o decano, quer parar depois de 56 anos. “Doem as pernas.” Silvino Tafner já barbeou até defunto, e hoje aconselha o filho sobre a envergadura da tesoura. Especialista no corte “dragão”, Honório trabalha de costas para Antônio há muito tempo. Enquanto Vico é o Jassa dos Pinheirais: passou gomalina no cabelo de Jorge Goulart e aparou a bigodeira de Lindomar Castilho. Com eles, só não vale pagar fiado.
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