Estátua de Carlos Gardel no cemitério de Chacarita, em Buenos Aires, na última quarta-feira (24).| Foto: Enrique Garcia Medina/EFE

Fotografias, sapatos, cartas, chapéus e até um terno de Carlos Gardel (1890-1935) estão sendo exibidos em Buenos Aires para marcar o 80.º aniversário de sua morte em um acidente de avião que transformou o músico, uma referência do tango, em um mito para os argentinos.

CARREGANDO :)

“Ele era um apaixonado pela vida, um apaixonado pelo que fazia”, diz Walter Santoro, o diretor-executivo da Fundação Indústrias Culturais Argentinas, proprietária dos objetos e documentos originais que nunca tinham sido expostos ao público e que agora estão exibidos no Museu Histórico Nacional da capital argentina.

Veja também
  • Documentário sobre Nina Simone constrói um retrato fiel e complexo
  • Moscou fica logo ali, em Joinville
  • Minha noite com a Sinfônica Brasileira
Publicidade

Multidão visita o cemitério de Chacarita

Centenas de pessoas homenagearam Carlos Gardel com flores, fotografias e tango em frente do túmulo do artista na última quarta-feira (24)

Leia a matéria completa

Uma gravata, um mate, uma piteira, um violão, presentes, fotos e telegramas são algumas das peças que formam a mostra “Carlos Gardel, do Homem ao Mito”, oito décadas depois de morrer em um acidente aéreo na Colômbia, no auge da carreira.

A exposição percorre a vida de Gardel, sua relação com a música e o cinema e as circunstâncias de sua morte. O acidente conta com uma seção própria na qual são exibidas as manchetes de jornais posteriores à tragédia, assim como destroços recuperados do acidente e a última foto de Gardel antes de entrar no avião.

Santoro acredita que a aura de mistério que existe em torno do cantor e compositor surge, principalmente, porque os colecionadores guardaram toda a documentação durante estes 80 anos, o que fez com que surgissem muitas “ideias e invenções” que durante os próximos anos serão derrubadas e, finalmente, se saberá “a história verdadeira”.

O acidente

Carlos Gardel morreu no dia 24 de junho de 1935 em Medellín, Colômbia, quando o avião em que viajava se chocou com outro no momento da decolagem ainda na pista do aeroporto.

Publicidade

O diretor da fundação define Gardel como um “estudioso” que “se construía todos os dias”, alguém que estava “casado com seu trabalho” e sem o qual o tango não poderia ser entendido.

“Não nego que [o tango] existiria de qualquer forma, mas seria algo completamente diferente”, diz Santoro, reforçando que a contribuição do artista à música popular argentina é “quase imensurável”. Por causa de Gardel, “o tango é reconhecido no mundo”.

A fama do músico que nasceu na França (depois se radicou na Argentina) não foi momentânea para Santoro, mas “superou o tempo e continua crescendo, porque sempre cantou com emoção e qualquer um que o escute vai querer escutar mais e não conseguir parar”.

Por esse motivo, o diretor da fundação pede a criação na Argentina de um museu do tango, no qual esse tipo de exposição seja permanente e não apenas em datas como a deste 24 de junho – a última quarta-feira –, data exata do aniversário da morte de Gardel.