O cantor Michael Jackson sabia dos riscos de tratar sua insônia com o anestésico propofol e que este medicamento tinha que ser controlado por um médico, declarou esta terça-feira uma enfermeira no julgamento do doutor Conrad Murray, acusado de homicídio culposo do rei do pop.

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Michael Jackson morreu em 25 de junho de 2009 de uma "grave intoxicação" de propofol, um poderoso sedativo que ele usava como sonífero e que era administrado por Murray, que afirmou que tentava curar a dependência que o paciente tinha deste anestésico e reconheceu tê-lo injetado naquela manhã, após o cantor passar uma noite em claro.

O julgamento entrou na quinta semana, quando começam a se apresentar as testemunhas de defesa.

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A enfermeira Cherilyn Lee, especialista em medicina alternativa e que tratava o cantor em 2009 com remédios naturais, declarou esta terça-feira à Corte Superior de Los Angeles que o "rei do pop" pediu que conseguisse propofol, pois era o único que fazia efeito.

Em 19 de abril, dois meses antes de sua morte, Jackson disse à enfermeira "que tinha problemas para dormir e que o único medicamento que o fazia dormir era o Diprivan", contou Lee, referindo-se ao nome comercial do propofol.

"Não sei se (Jackson) tinha ingerido (este medicamento) no passado", mas não parecia familiarizado com ele, acrescentou.

A enfermeira disse ter telefonado, então, para um médico para se informar sobre o remédio que ela não conhecia, e depois explicou a Jackson que seu uso era restrito a hospitais, e que seria muito perigoso fazê-lo em casa.

"Ele respondeu que os médicos lhe explicaram que era seguro e que não havia problema. 'Só tenho que ser controlado', disse. Contei que nenhum médico o administraria em casa", afirmou Lee.

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Jackson "me disse que conheceu o propofol vários anos antes, quando fez intervenções cirúrgicas: 'acordei e nem sabia que havia dormido tanto tempo. Era tão fácil... Quero reviver esta experiência'", teria dito o cantor, segundo a enfermeira. A mulher, negando-se a dar o sedativo, informou ao cantor sobre seus efeitos colaterais: "um dos sintomas era a perda da memória. Perguntei: 'o que acontece se você esquece a letra de uma música no palco?'. Disse que nunca se esqueceria das letras de suas músicas", contou.

A enfermeira se sentiu mal durante seu depoimento emocionado e a corte teve que suspender a sessão por alguns minutos para permitir que ela deixasse o recinto e se recuperasse.

Lee contou que naquele 19 de abril, Jackson acordou depois de quatro horas de sono. "Estava chateado porque queria dormir mais e dizia que os remédios naturais não funcionavam", declarou a enfermeira.

Ela afirmou que Jackson disse ao acordar, às 03H00 da madrugada: "agora que não pude dormir a noite inteira, não vou poder ensaiar bem hoje. O único que pode me ajudar é o Diprivan, isto não está funcionando".

O cantor estava ensaiando para os 50 shows que daria em Londres.

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A partir de maio, ou seja, dias depois, Murray, um cardiologista de 58 anos, se tornou o médico pessoal do astro. Segundo suas declarações à polícia, ele tratava seu paciente com propofol por via intravenosa quase que diariamente.

Os advogados de Murray querem demonstrar que o cantor era dependente de propofol e que aplicou em si próprio a overdose que o matou. Enquanto isso, a promotoria afirma que o médico agiu com negligência ao ceder aos apelos de seu paciente, interessado no salário de 150.000 dólares mensais.

Se for considerado culpado, Murray pode ser condenado a quatro anos de prisão e perderá definitivamente sua licença profissional.