Produtores de Hollywood esperam levar ao cinema a história dos oito anos de sofrimento de seis profissionais médicos estrangeiros acusados e condenados de injetar propositalmente HIV em 460 crianças líbias.
A Sixth Sense Productions, que ajudou a financiar o drama indicado ao Oscar "Hotel Ruanda", sobre o genocídio em Ruanda, disse que o médico palestino e as cinco enfermeiras búlgaras envolvidos concederam o direito à história de suas vidas ao projeto intitulado "The Benghazi Six" (Os Seis de Benghazi).
O médico e as enfermeiras, que foram condenados à morte, foram libertados em 24 de julho depois de a União Européia ter mediado um acordo de cooperação com a Líbia, após anos de complexas batalhas legais e políticas.
Eles sempre afirmaram sua inocência, dizendo que foram torturados para confessar terem intencionalmente provocado uma epidemia que levou centenas de crianças a serem contaminadas com o vírus causador da Aids, enquanto trabalhavam em Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, em 1998.
Sam Feuer, da Sixth Sense, disse à Reuters em e-mail no domingo: "O mundo precisa tomar conhecimento dessa injustiça. Não é apenas uma história búlgara - é uma história com a qual o mundo vai aprender."
A Bulgária, que ingressou na UE em janeiro, e os EUA pressionaram pela libertação do médico e das enfermeiras, apontando para evidências de tortura e estudos mostrando que a epidemia começou antes da chegada das enfermeiras ao hospital pediátrico de Benghazi.
Feuer disse que, embora seja focado no médico e nas enfermeiras, o filme também mostrará a tragédia das crianças contaminadas com o vírus, mais de 50 das quais já morreram. A Sixth Sense está em conversações com Ann Peacock, autora do roteiro adaptado de "As Crônicas de Nárnia", para escrever o roteiro do filme.
As enfermeiras búlgaras e o médico Zdravko Georgiev, marido de uma delas, deixaram a Bulgária no final dos anos 1990 para trabalhar na Líbia, onde os salários eram mais altos. Dezenove profissionais médicos búlgaros foram detidos no início de 1999, e 13 foram libertados posteriormente.
Especialistas ocidentais disseram que o verdadeiro culpado pela contaminação das crianças com o HIV foi a ineficiência do sistema de saúde da Líbia.
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