Stewart, que apresenta o programa “The daily show” na TV americana, foi apresentador do Oscar em 2006| Foto: Divulgação

Após décadas relegados a um limbo povoado por girassóis artificiais e pingüins de geladeira, Waldick Soriano, Rita Cadillac e Elke Maravilha têm agora a oportunidade de se livrar do rótulo de "ícones do brega". Ou ao menos de ganhar uma alcunha mais simpática, como "cults". Três diretores focaram suas câmeras nessas figuras emblemáticas da cultura popular em documentários que prometem legitimar sua trajetórias.

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A atriz Patrícia Pillar foi além do clássico cafona "Eu não sou cachorro não" e se encantou ao ouvir outros hits de Waldick Soriano, como "Tortura de amor", "Dama de vermelho" e "Você mudou demais". O resultado dessa pesquisa musical é um media-metragem que está em fase de edição e deve estrear no início de 2008. Já Elke Maravilha e Rita Cadillac vão ver suas histórias mais cedo no cinema. "Elke", de Julia Rezende, e "Rita Cadillac – a lady do povo", de Toni Venturi, estréiam no Festival do Rio, que acontece a partir do dia 20 de setembro.

"Chega a ser perverso delegar ao Waldick o rótulo de brega. Aos 74 anos ele ainda canta tão bonito, com tanta emoção!", opina Patrícia Pillar, que também dirigiu o DVD do show ao vivo do cantor, lançado pela Som Livre. Há dois anos a atriz garimpa LPs e gravações esquecidas do ex-garimpeiro e ex-lavrador de Caetité, interior baiano. "Waldick é um homem que deixou sua terra natal para buscar o sucesso na cidade grande. Essa é a história de muitos brasileiros", explica.

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Para Waldick, voltar à pequena Caetité em busca de seu passado foi o momento de maior emoção do documentário. "Foi muito bonito. Patrícia é uma menina caprichosa, será um bom filme", conta Waldick. E nem tente falar em termos como "brega" ou "cafona" para o cantor. "Minhas músicas são românticas. Por acaso o amor é brega? O povo não acha", garante ele, que há pelo menos duas décadas só veste roupas escuras e não abandona o visual inspirado no cowboy Durango Kid.

Quem também levanta a bandeira do "abaixo o preconceito" é Julia Rezende, diretora do curta "Elke". Durante as filmagens de "Zuzu Angel" (2006), do qual foi assistente de direção, Júlia se encantou pelo que chama de "universo de Elke Maravilha". "As pessoas pensam que ela se veste daquele jeito por pura extravagância. Mas cada peça de roupa, cada maquiagem ou peruca é fruto das várias culturas que conhece planeta afora. Elke é cosmopolita!", reverencia a cineasta.

As 17 horas de conversas com a ex-jurada que se recusava a dar notas baixas no "Show de calouros" foram reduzidas a 14 minutos. "Meu filme não se encaixa no padrão sisudo dos documentários. Deixei Elke contar sua vida. O marido Sacha é o único a aparecer".É bom para o moral

Musa rebolativa dos anos 80 e atual estrela da produtora de filmes adultos Brasileirinhas, Rita Cadillac garante que "quase caiu de costas" quando o diretor Toni Venturi bateu à sua porta pedindo autorização para contar a história de sua vida no cinema. "Fiquei pensando: esse cara só pode estar de onda comigo...".

A ex-chacrete se deu conta de que não se tratava de um "caldo" e que o "surfista" em questão falava sério quando o projeto de "Rita Cadillac – a lady do povo" foi um dos aprovados pelo programa "Documenta Brasil", do Ministério da Cultura. "Não vejo absurdo em filmar a trajetória da Rita. Ela é um ícone popular! Que outra celebridade tem os títulos de ‘musa dos presidiários’ ou ‘madrinha dos garimpeiros’?", desafia Venturi, que incluiu no filme depoimentos de familiares, ex-colegas do "Cassino do Chacrinha" e do médico Drauzio Varella.

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Satisfeita que só, Rita esbanja orgulho e conta que ainda não assistiu ao filme. Só a versão de 44 minutos feita para a TV. "Quer saber? Essa história de documentário sobre minha vida foi uma terapia. E eu nem tive que pagar hora para o psicanalista", brinca.

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