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Como todos os produtos lançados pela Biscoito Fino, os novos trabalhos de Maria Bethânia já conquistam de cara o público pelo cuidadoso projeto gráfico das caixinhas dos CDs, sob responsabilidade do artista visual Gringo Cardia – no material enviado à imprensa, os dois discos vieram envoltos por uma faixa de pano pintada no mesmo estilo da arte de Pirata, completada com um belo poema de Capinan. Essa opção deve ser estendida ao consumidor.

Apesar de tratarem do mesmo tema, Pirata e Mar de Sophia são discos bem distintos musicalmente. O primeiro, mais diverso, pode emocionar logo de cara quem cresceu ouvindo a famosa trilha do antigo Sítio do Pica-Pau Amarelo – Bethânia canta "História pro Sinhozinho", de Caymmi, trocando apenas o verso que faz alusão à Tia Nastácia e falando da Sinhá Zefa de suas lembranças. Segue-se a bela "O Tempo e o Rio" (Edu Lobo/Capinan), centrada apenas na voz da cantora e no violão de Jaime Alem. Bethânia ainda resgata nessa parte inicial do CD "Os Argonautas", do mano Caetano, que tem os famosos versos "Navegar é preciso/ Viver / Não é preciso", de Fernando Pessoa. Pirata ainda tem ótimas músicas regionais ("Santo Amaro", "De Papo pro Ar") e sambas ("Sereia de Água Doce", "Memória das Águas", "Águas de Cachoeira").

Mar de Sophia é um disco mais homogêneo e se divide basicamente entre referências aos cantos africanos e músicas românticas que destacam a potente voz da cantora (que está cantando melhor do que nunca em sua própria opinião, pela experiência e idade). A poesia é mais marcante neste CD, com Bethânia inserindo diversos poemas (muitos deles completos) de Sophia Breyner antes e depois das canções. O destaque fica por conta da ótima "Debaixo d’Água", de Arnaldo Antunes, que ganhou sensível tratamento musical com vioncelos e percussão, sendo complementada por "Agora", dos Titãs, cantada em tom de rap por Bethânia.

Pirata – GGGGMar de Sophia – GGG1/2

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