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Cleo Pires em cena de Qualquer Gato Vira-lata | Divulgação
Cleo Pires em cena de Qualquer Gato Vira-lata| Foto: Divulgação

A comédia romântica Qualquer Gato Vira-Lata (veja horários das sessões; atenção à data de validade da programação em cinza) deixa de lado os elementos cômicos da peça "Qualquer Gato Vira-Lata Tem uma Vida Sexual Mais Sadia que a Nossa", de Juca de Oliveira, para concentrar-se no romance. Talvez não tenha sido uma escolha muito acertada.

Falta à obra do diretor Tomás Portella e dos quatro roteiristas do filme um pouco de humor para animar o triângulo amoroso entre Tati (Cleo Pires), Conrado (Malvino Salvador) e Marcelo (Dudu Azevedo).

O filme toma várias liberdades com a peça - inclusive o desfecho - e traz uma Tati bastante histérica porque perdeu o namorado, Marcelo, que a trai sem qualquer pudor.

Depois de mais um fora e muitas lágrimas, com a cara toda borrada, ela entra numa escola para usar o banheiro e se interessa por uma aula que escuta de longe. Um professor, Conrado, fala sobre o reino animal, os instintos de sobrevivência e reprodução, e como isso pode ser aplicado aos humanos.

Para reconquistar Marcelo, Tati aceita se tornar objeto de estudo de Conrado, que a ajudará a recuperar o namorado. As teorias bastante machistas do professor ganham vida quando a moça as leva para a prática. Segundo ele, uma marreca não pode se aproximar do marreco, é preciso esperar que o macho tome a iniciativa. O mesmo, é claro, valeria para os humanos.

Conrado passa a instruir Tati a se comportar como uma fêmea de qualquer espécie animal, que espera o macho tomar a iniciativa para os rituais de conquista e acasalamento.

Há uma leve relação com "Minha Bela Dama" - na qual um professor transforma uma jovem desajeitada numa moça fina -, mas o filme brasileiro não se aprofunda nesse viés. Aqui, o que vale mesmo são os clichês do gênero, até chegar ao seu final, para lá de previsível.

A personagem feminina, Tati, começa histérica, irritada e irritante e, aos poucos, pelas mãos de Conrado, vai se transformando. É uma transformação óbvia, e, ao mesmo tempo, curiosa.

A independência financeira da personagem nunca é ponto em evidência. É quase retrógrado pensar isso: mas ela só está feliz quando tem um namorado, independentemente de quem seja. Isso, bem se sabe, é uma das leis da comédia romântica.

O filme só decola mesmo na reta final, quando se transforma numa comédia de erros, numa cena num restaurante. Mas, nesse clímax, é tarde demais, porque tudo o que se viu até então foi bastante insosso. Nem os créditos finais, com os erros de gravação, conseguem empolgar.

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