Em uma ação sem precedentes, a Itália está movendo processo internacional contra o comércio ilícito de antiguidades por parte de museus dos Estados Unidos, aí incluídos o Metropolitano de Nova York e o Getty de Los Angeles.
A controvérsia alcançou esta semana um ponto crítico com a abertura de um processo em Roma contra a ex-comissária do Getty Marion True e o negociador de obras de arte americano Robert Hecht, acusados de importar antiguidades romanas e etruscas escavadas ilegalmente, e incorporá-las à coleção do museu. True é acusada de ter adquirido 40 obras de arte antiga entre as décadas de 80 e 90.
Já a acusação contra Hecht é por supostamente vender objetos retirados do solo ao Getty, ao Metropolitano (Met), ao Museu de Belas Artes de Boston (Massachusetts), ao Museu de Arte da Universidade de Princeton (Nova Jersey) e ao Museu de Arte de Cleveland (Ohio), entre outras instituições.
Esta semana, o diretor do Met, Philippe de Montebello, se reunirá em Roma com representantes do Ministério da Cultura da Itália para discutir sobre a procedência de uma série de objetos antigos da coleção do museu que, segundo a Itália, foram saqueados do país europeu.
Segundo informou o jornal "The New York Times", a investigação sobre o Met envolve 22 objetos que foram escavados e exportados da Itália de maneira pressupostamente ilegal para integrar a coleção do museu.
Entre os objetos citados em artigos na imprensa está uma bacia do século VI A.C. de autoria do pintor Eufronios, considerado a peça antiga mais valiosa e importante da coleção do Met e adquirido em 1972, supostamente através de Hecht.
A Itália também acredita que o Met tenha em sua coleção vários copos de Apulia (a atual Puglia), assim como una coleção de prata roubada da antiga colônia grega de Morgantina, na Sicilia.
Com os processo, a Itália pode abrir um precedente que amedronta os museus de todo o mundo com importantes coleções de objetos e arte antiga.
O objetivo das autoridades italianas é conter o tráfico ilícito de antiguidades de seu país, e recuperar os mais de 3 mil objetos supostamente retirados de forma ilegal de seu território.
- Nossa intenção é conter o tráfico ilícito e, para fazê-lo, teremos que fazer com que os museus americanos parem de comprar (objetos saqueados) - disse o advogado do Ministério da Cultura italiano, Maurizio Fiorilli.
Parte da meta já foi alcançada, já que 1999 o Getty devolveu à Itália seis peças arqueológicas de sua coleção, às que se somaram outras três peças entregues na semana passada, entre as quais um vaso de Asteas, do século IV A.C..
Segundo os especialistas, as investigações abertas pela Itália poderiam mudar a forma através da qual até agora ocorreram, em escala internacional, os casos de contrabando de antiguidades e as aquisições dos museus.
Essas práticas foram defendidas em 2003 pelos diretores de 18 grandes museus do mundo, entre os quais o Louvre de Paris, o Prado e o Thyssen-Bornemisza (Madri), o Rijksmuseum (Amsterdam) e o Guggenheim de Nova York. Também estavam no grupo o Met e o Getty.
Um documento assinado pelos então diretores das instituições argumenta que os museus têm uma missão especial como tesoureiros da cultura mundial, e que os pilares éticos do presente não poderiam ser aplicados às aquisições do passado.
"Os objetos e obras monumentais instalados há décadas e, inclusive, séculos atrás nos museus da Europa e dos EUA foram adquiridos sob condições que não são comparáveis com as atuais", afirma o documento, na página do British Museum na internet.
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