
Quando o cineasta James Cameron lançou Avatar, no ano passado, não existiam tantos cinemas equipados com 3D quanto ele gostaria para exibir a versão em 3D do filme.
Por essa razão, o estúdio 20th Century Fox vai lançar na sexta-feira a versão Avatar: Special Edition do maior blockbuster de todos os tempos (2,7 bilhões de dólares em vendas de ingressos em todo o mundo) exclusivamente em cinemas Imax 3D e outros equipados com 3D digital.
Cameron falou com a Reuters sobre os nove minutos de imagens adicionais da "edição especial", sobre o sucesso do filme e sobre se cinema ou ciência é sua atividade preferida.
Por que a nova versão? A primeira já foi ótima.Há algumas razões. Há imagens pelas quais acho que as pessoas vão se interessar. Não quero reinventar o filme por completo e transformá-lo em algo que ele não é. Na realidade, é um acréscimo, uma experiência mais completa.
A outra razão é que acho que as pessoas querem assistir a "Avatar" no cinema. Isso é apenas minha impressão instintiva. Isso tudo aconteceu porque, quando saiu "Alice no País das Maravilhas", os responsáveis reservaram todos os cinemas Imax 3D. Ainda estávamos tendo performance boa, ainda estávamos lotando os cinemas... mas perdemos todos os cinemas em uma só noite. Então sabíamos que ainda havia um mercado de pessoas interessadas em ver "Avatar."
Muitas pessoas, entre as quais me incluo, pensaram: "Eles já faturaram 2,7 bilhões de dólares! Quanto mais vão querer ganhar? São insaciáveis?."Sim, não passamos de vampiros sedentos de dinheiro (sorri). Não, acho que ganhar dinheiro é o que se chama fazer um bom negócio. Neste país (EUA), pelo menos, ainda é isso. E, em segundo lugar, é um efeito colateral de se dar às pessoas aquilo que elas querem. Se estivermos certos, e for isso o que as pessoas querem, então teremos prestado um serviço humanitário (ri).
Está certo, então Hollywood presta serviços humanitários.Às vezes (ri outra vez). Às vezes, sim, mas geralmente não passa de sentimento de culpa de esquerdista...
Não, é como um manuscrito com iluminuras: há mais do que se vê à primeira vista. E quero incentivar as pessoas a se recordarem do filme em 3D em uma tela grande. E isso será seu último grito. Depois disso o filme vai desaparecer das telas grandes por dez anos, 20 anos, talvez para sempre -- exceto se algum cinema Imax quiser exibi-lo vez por outra.
O que as pessoas vão ver nas novas imagens?Temos coisas de tipos diferentes. Algumas são pequenas, trechinhos de dez, 20 ou 30 segundos que aparecem aqui e ali, de modo que, se você já tiver assistido ao filme, vai se perguntar: "Já vi isso antes ou é alguma coisa nova?."
E há coisas como uma grande cena de ação em que caçam animais de um rebanho, algo que nem existia no primeiro filme porque tínhamos cortado. Há seres novos, uma grande cena de voo, quase como uma caçada a búfalos. Acho que é uma das melhores cenas visuais do filme.
Há uma cena emocional perto do final, em que Tsu'tey está morrendo, e há uma cena muito emocional com Jake e Neytiri. Todo o mundo achou que eu estava louco quando a cortei. Fiz isso em função do tempo e do ritmo, mas eu estava sendo bastante conservador. Fiquei preocupado com a sobrecarga sensorial e o cansaço visual em um filme de duas horas e 40 minutos.
Nunca fomos muito criticados pela duração do filme. Eu previa muitas críticas nesse sentido, mas não houve. Parecia que tínhamos sido autorizados a alongar o filme ainda mais.
Então você e a Fox têm os dois filmes de maior bilheteria de todos os tempos. Você agora pode conseguir da Fox praticamente qualquer coisa que quiser?Você quer dizer, a Fox vai me dar mais ouvidos agora? Provavelmente não. Se ela não queria me dar ouvidos depois de "Titanic," não vai me ouvir mais agora - nem mais, nem menos.
Você está fazendo outro filme "Avatar". Haverá um terceiro?O próximo roteiro será essencialmente dois roteiros, e não sei se vamos rodar juntos ou separadamente. Vamos lançar os filmes separadamente, é claro.
Se isso funcionar, provavelmente haverá ainda mais um, mas é provável que eu não o dirija. Quero fazer o segundo filme e provavelmente o terceiro, simplesmente porque "Avatar" é algo tão meu, tão relacionado a minha filosofia e minhas ideias.
Além de fazer cinema, você é um especialista legítimo em exploração submarina profunda. Em última análise, preferia ser lembrado por seus filmes ou pela exploração?Você quer dizer, o que será gravado sobre minha lápide? (ri)
Bom, sem querer dizer isso nesses termos, é isso, sim.Eu me satisfarei em ser lembrado como inovador, porque é preciso inovação para fazer toda essa exploração oceânica profunda. Estamos construindo luzes, câmeras, robôs submersíveis, sistemas de fibra ótica, e eu adoro tudo isso. Adoro idealizar essas coisas, construí-las e fazer com que funcionem no mar.
Quanto ao cinema, há o lado inovador de como se faz o filme e há o lado inovador no que o filme é, ou seja, sua história, os personagens, a criação de um mundo, a imaginação necessária para isso. Adoro tudo isso. O problema para mim é administrar as tarefas de tal maneira que eu não fique tão focado sobre uma coisa que acabe esquecendo de fazer a outra.
Desaprovação de Lula e inelegibilidade de Bolsonaro abrem espaços e outros nomes despontam na direita
Moraes ameaça prender Cid em caso de omissão na delação: “última chance”
Como fica a anistia após a denúncia da PGR contra Bolsonaro; ouça o podcast
Moraes manda Rumble indicar representante legal no Brasil, sob risco de suspensão
Deixe sua opinião