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Miles Davis na época em que gravou o inescapável “Kind of Blue”. | Tom Palumbo/Creative Commons
Miles Davis na época em que gravou o inescapável “Kind of Blue”.| Foto: Tom Palumbo/Creative Commons

A vitalidade do jazz é incontestável.

Se quiser ler sobre o tema, existem dois livros fundamentais escritos pelo crítico Ashley Kahn e publicados pela editora Barracuda.

O saxofonista Ornette Coleman venceu o Prêmio Pulitzer de 2007 com o disco “Sound Grammar”. O trompetista Terence Blanchard, além de compor para o cinema (“O Plano Perfeito”, de Spike Lee), teve seu “A Tale of God’s Will” entre os mais vendidos na parada da Billboard. O disco foi pensado como um réquiem para as vítimas do furacão Katrina.

Jazz não é gênero de uma elite, não é cerebral, não se restringe a músicos e não exige conhecimentos teóricos. Na verdade, jazz é, nas palavras de Ashley Kahn, música para os ouvidos e para a alma.

Não é necessário que a música (qualquer uma) seja “compreendida”. Ela tem é de ser “gostada” ou não. “Música só é matemática para outros músicos. Para nós, mortais, por mais que sejamos entendidos, ela será sempre subjetiva – vai se referir a um momento, a uma época, a uma vida que é só nossa, de mais ninguém”, diz Ruy Castro, autor de Tempestade de Ritmos, antologia editada pela Companhia das Letras reunindo textos sobre jazz e música popular.

Para o biógrafo de Carmen Miranda, qualquer um pode gostar de jazz se não for surdo. Esta é também a opinião do crítico e saxofonista Roberto Muggiati, que escreveu sobre jazz para a coleção Primeiros Passos, da Brasiliense, e publicou New Jazz pela Editora 34.

“O jazz, mais do que um simples gênero musical, é uma forma de abordar a música”, afirma Muggiati. Partindo de sua premissa maior – a improvisação – ele nasce como uma música destinada a morrer no próprio momento em que é tocado. Daí seu caráter atemporal."

Carlos Calado, autor de O Jazz como Espetáculo (Perspectiva), segue o raciocínio de Muggiati: “A vitalidade do jazz passa pelo fato de se tratar de uma música feita no momento, no ato da criação”. Calado diz ainda que a noção de jazz cabeça não passa de “bobagem”. Graças a vários estilos diferentes, é como se existissem, de certa forma, inúmeros tipos de jazz: para dançar, para ligar durante o jantar ou ouvir em um concerto. É possível se interessar por qualquer um (ou por mais de um) deles. Esses estereótipos do jazz elitista ou pretensioso estão, na verdade, na cabeça das pessoas, não na música em si."

Para o escritor (e saxofonista) Luis Fernando Verissimo, “Você sente ou não sente, não é preciso saber, no sentido de entender, o que está ouvindo. Acho que uma boa definição de jazz seria música para quem presta atenção em música, e prestar atenção é para qualquer um”.

Editor do site Clube de Jazz (www.clubedejazz.com.br ), exatamente com a proposta de popularizar o gênero, Wilson Garzon exemplifica a pluralidade do jazz a partir de suas preferências. “Adoro um fusion tipo baião com salsa, solado por um vibrafone”, brinca. “O jazz não é uma ilha e sim um arquipélago.”

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