“Quem vai mudar o mundo?”, pergunta Rodrigo Lemos na faixa de abertura de “Pangea I Pallace II”, novo trabalho da Lemoskine, lançado na última segunda-feira (20). O disco está disponível no Deezer e, a partir de 3 de agosto, em outras plataformas. “Quem vai mudar o mundo sou eu”, canta ele logo depois, em uma impostação que lembra a de Milton Nascimento na época de Clube da Esquina. Isso enquanto o groove come solto.
Lemos mudou antes que o mundo mudasse. Quem ouve o novo disco pouco se lembra da Poléxia, banda que fundou no início da década passada. Menos ainda d’A Banda Mais Bonita da Cidade, da qual foi vocalista e guitarrista. E a uma das únicas semelhanças do álbum com “Toda a Casa Crua” (2012), seu primeiro trabalho como Lemoskine – indicado para o VMB 2012 na categoria “Aposta MTV” –, é que “Pangea I Palace II” ainda tem um “DNA pop.”
“Significância” faz disco ser um dos melhores do ano
Originalidade natural, uma inspiração musical assertiva, conectada ao soul e ao funk setentista, e a experiência de Rodrigo Lemos no estúdio (é ele próprio o produtor do disco), fazem de “Pangea I Palace II” o melhor álbum lançado em Curitiba em alguns anos.
Leia a matéria completa“Faz três anos que lancei o primeiro disco [do Lemoskine]. Minha postura enquanto artista encontrou outra linguagem”, diz Lemos. A mudança começa no visual, como você vê na foto acima. A capa (de Gustavo Francesconi) também surge multicolorida e fluida. “Isso acompanha o teor do álbum. Foi uma preocupação não soar tão monocromático do ponto de vista visual”, defende.
“Pangea I Palace II” não é conceitual, mas houve um punhado de reflexão antes de sua criação. O início dos trabalhos baseou-se em ritmos sincopados. Letras e arranjos vieram depois. E aí apontaram o caminho. “Quando me deparei com o conteúdo que estava criando, me dei conta de que estava falando metafisicamente sobre um lugar que a gente não conheceu. Porque habitamos um período curtíssimo dentro da história.” Então, diz Lemos, Pangea I (nome dado ao supercontinente que existiu há 200 milhões de anos) refere-se ao que sempre esteve aqui antes do homem; enquanto Palace II simboliza o que construímos. Shoppings inclusive.
Ouça
disponível no Deezer. A partir de 3 de agosto, o álbum será oferecido nas outras plataformas.
Neste disco, não falo sobre mim. Evoco um sentimento que estava me todos nós.
O “novo Lemoskine” também aumentou o grau de brasilidade. Uma das dez faixas chama-se “Palmeiras Imperiais”; outra, “Plantando um Fel”, traz o verso “Brasil é tudo o que já resistiu e ainda está.” “A gente, no fim das contas, acaba buscando o que está na raiz”, explica.
Show
Quinta-feira (23), às 20 horas. Sesc da Esquina (R. Visconde do Rio Branco, 969). R$ 20 (não comerciários), R$ 10 (estudantes e acima de 60 anos) e R$ 5 (comerciários e dependentes).
E há política. Na última faixa, a divertida “Um Negócio”, Lemos fala sobre “a juventude no poder.” “Quando temos uma voz, para a música, para as letras, para atuar, inevitavelmente pensamos também sobre a responsabilidade disso. Não dei uma guinada social, nem nada. Mas essas músicas foram compostas no ano passado, no meio do rebuliço. Acho que é um sentimento universal. Tem a ver com nossa coletividade.”
Por falar nesse assunto, toda a Banda Gentileza participou do disco, que também traz colaborações de Wonder Bettin e Artur Roman (Esperanza), Pedro Pelotas (Cachorro Grande),Lauro Ribeiro e Thiago Ramalho (Trombone de Frutas) e Michelle Pucci. Na banda, além de Lemos (voz, baixo, guitarra e samples), estão Luís Bourscheidt (bateria e percussão), João Marcelo (baixo e baixo acústico) e Rodrigo Chavez (baixo e piano rhodes).
Em breve, será lançado um projeto de financiamento coletivo para produzir cópias em vinil para que o trabalho “siga seu curso natural.”
Confira o clipe do single “Pedra Furada”:
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