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Originalidade natural, uma inspiração musical assertiva, conectada ao soul e ao funk setentista, e a experiência de Rodrigo Lemos no estúdio (é ele próprio o produtor do disco), fazem de “Pangea I Palace II” o melhor álbum lançado em Curitiba em muitos anos.

Lemoskine de corpo e alma

“Pangea I Pallace II”, novo álbum da banda de Rodrigo Lemos (ex-Poléxia), traz reflexões atuais em arranjos de soul e black music

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A grande sacada do disco é dar cadência e significância à atual música urbana brasileira, mais urgente em artistas como Guizado e Hurtmold, por exemplo. Com arranjos marotos e intrincados (algumas faixas apresentam dois baixos em contraponto) que esbarram em Vampire Weekend, a Lemoskine tem condições de tratar tanto da atualíssima transcendência (“Nesse Lugar”), que abre o disco como um mini-épico pessoal, quanto de paradigmas sociais e anacronismos do sistema (“O que Eles Têm?”). A dinâmica instrumental é o ponto forte de “Palmeiras Imperiais”, que começa minimalista e termina num groove digno da festa “Só o Soul Salva,”culpa principalmente do trombone de Lauro Ribeiro. Questões mundanas (o amor?) têm vez em “Um Salve”, mas resultam numa música fluida, “corporal.” A sinestésica “Pedra Furada”oferece“homens que caem do céu” sobre uma base de guitarras pontuais, enquanto “Âncora Abre Alas” usa o carnaval (e marchinha!) como metáfora para falar sobre a relação do homem com a cidade, durante a festa ou não.

“Pangea I Palace II” é um disco absurdamente coerente e sólido em sua proposta. E importante justamente por isso: pela forma que diz o que diz.

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