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O sertão de Minas Gerais, naquele ponto onde a natureza se rebela contra os limites geográficos e fica quase impossível saber o que ainda é mineiro e o que é baiano, é o cenário mais constante nas 14 obras já publicadas pelo jornalista e escritor Romulo Nétto.

Embora tenha vivido boa parte da vida em Cuiabá, onde por anos trabalhou em cargos administrativos e de presidência da Universidade Federal do estado, Nétto nunca deixou para trás a terra onde nasceu e passou bons anos da infância e da adolescência. “Minas é um estado de espírito. Você pode sair de Minas, mas Minas não sai de você”, comenta o escritor, que há dois meses decidiu estabelecer nova moradia em Curitiba, para onde veio com a mulher viver ao lado das duas filhas.

“Atividade” comum nas terras do interior do estado mineiro na década de 1940, o jaguncismo – que se espalhou também por outros sertões do nordeste do Brasil na primeira metade do século 20 – é um tema comum nas obras de Romulo Nétto, que, disposto a usar cangaceiros em suas histórias, procura adaptá-los a um contexto mais moderno.

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“É certo que naquela época o que imperava no interior de Minas era a lei da bala. Mas hoje esse pistoleiro também existe. Ele não recebe mais o chamado do coronel para ir falar diretamente com ele, mas usa seus smartphones e computadores”, brinca.

Aos 69 anos, Nétto tem 14 livros publicados. A maioria romance, mas também já se aventurou por contos e poesia.

Aposentado desde 1993, o escritor ainda tem na prateleira outros 18 títulos inéditos que, em breve e “se Deus quiser”, pretende emplacar em alguma editora. Um presente para quem, no início, imprimia os textos que fazia em mimeógrafos para então distribui-los aos amigos.

Ainda que a escrita não tenha intenções comerciais, o jornalista mineiro dedica boa parte das horas de seu dia para colocar no papel suas ideias. Com chances ainda invisíveis de publicá-las, Nétto critica o atual modelo de promoção literária no Brasil, e acredita que a falta de incentivo prejudica a literatura nacional.

“Ainda bem que nunca precisei da publicação dos meus livros para sobreviver. Se a gente não tiver um padrinho que indique, você não aparece em nenhuma editora. Hoje, para ganhar dinheiro, você tem é que escrever bobeiras como Paulo Coelho”.

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