Com o dólar caro e o clima econômico ruim, a hora definitivamente não é das melhores para a publicação de um novo guia para turismo nos Estados Unidos.
Mas, em tempos que também são de fixação em telas de celular e de obsessão por selfies , o recém-lançado livrinho “Como Decifrar Nova York” reforça uma alternativa necessária.
O guia de Will Jones, que também é autor de “Modern Architecture in New York” (Arquitetura moderna em Nova York) e “Architects’ Sketchbooks (Cadernos de esboços dos arquitetos), procura ensinar turistas – e moradores – a encontrar pistas de estilos arquitetônicos em alguns dos pontos de referência da metrópole norte-americana.
Trata-se, como diz o próprio livro, de uma “excursão-relâmpago”, mas é uma investigação de minúcias. Para você que, como eu, não saberia para onde olhar se alguém elogiasse uma cornija, o livrinho ajuda com um glossário e exemplos práticos.
A tour, ilustrada por desenhos e fotografias, é organizada cronologicamente, de acordo com a história arquitetônica de Nova York.
O famoso Metropolitan Museum of Art, com seus pares de colunas romanescas, é um exemplo de projeto de Beaux-Arts.
As tais cornijas com detalhes pesados do (mal) afamado Edifício Dakota, onde John Lennon foi baleado em 1980, indicam um design renascentista, junto com seus “frontões triangulares íngremes”.
O hotel Waldorf-Astoria, com suas cúpulas de bronze, “barbatanas e padrões geométricos”, é um representante da arquitetura art-déco – vertente decorativa que seria substituída pelo modernismo de edificações como a Sede das Nações Unidas, assinada por Oscar Niemeyer.
Will Jones. Tradução de Joel Ghivelder. Edições de Janeiro, 256 pp., R$ 49. Arquitetura.
Já o Metropolitan Opera House, com sua aparência de caixa modernista “aliviada” por arcos que evocam o estilo romanesco, é citado como um exemplo de arquitetura pós-moderna – explicada como uma espécie de resposta à severidade do Modernismo, nem sempre aceito pelo público.
Evidentemente, o guia fará muito mais sentido in loco – oportunidade que pouca gente tem.
Mas essas rápidas introduções à arquitetura nova-iorquina também podem ensinar alguma coisa sobre andar mais devagar, mesmo por nossas próprias cidades.
Ícones
Conheça algumas das edificações de cada estilo arquitetônico citado em “Como Decifrar Nova York”:
Clássico & Colonial
A histórica arquitetura de “cúpulas dramáticas, colunas e escadas majestosas” continuou amplamente difundida até o século 19, junto com os estilos trazidos pelos colonizadores da América do Norte desde o século 16. A Estátua da Liberdade, presente da França aos EUA, foi feita em estilo neoclássico, no século 19.
Renascimento
Os arquitetos do Renascimento não tentavam copiar a arquitetura clássica, mas incorporavam alguns de seus elementos de forma mais apropriada aos edifícios de sua época. O Plaza, “francês na influência do design e americano na escala”, é o único hotel de Nova York considerado um Marco Histórico Nacional.
Estilos Decorativos
Usam elementos decorativos de estilos como o Gótico em combinação com técnicas e materiais modernos. Empire State e Edifício Chrysler, referências da “skyline” de Nova York, são também monumentos da art déco.
Início do Modernismo
Almejando a funcionalidade, a estética modernista é marcada pelo uso de ferro, aço, concreto e vidro. A estética minimalista do Museu de Arte Moderna (MoMA), inaugurado em 1937, segue de forma rigorosa o chamado estilo internacional.
Moderno e Pós-Moderno
Usou ideias espaciais e funcionais do modernismo e a ornamentação de outros estilos. Projetado por Philip Johnson, um dos introdutores do estilo internacional, o Edifício Sony incorpora referências a várias construções e estilos clássicos. É considerado um exemplo da ironia da arquitetura pós-moderna, dividindo opiniões.