Há 203 anos, um decreto de d. João criava no Rio a Impressão Régia, primeira gráfica-editora em solo brasileiro. A iniciativa do príncipe regente é saudada pelos historiadores tanto quanto a de abrir os portos às nações amigas, por ter contribuído para nosso desenvolvimento social, político e cultural. Ainda assim, ela ficou apagada quando se comemorou o bicentenário da chegada da corte portuguesa, em 2008.
Impresso no Brasil - Dois Séculos de Livros Brasileiros (Editora Unesp e Biblioteca Nacional) será lançado hoje, às 18 h na Livraria João Alexandre Barbosa da USP (Rua da Reitoria, 374 tel. 3091-4156), na esteira da efeméride. Com 35 capítulos assinados por pesquisadores de instituições de vários Estados, abrangendo a produção editorial de lá para cá, como as primeiras tipografias e editoras, as experiências particulares do Amazonas ao Rio Grande do Sul, e fenômenos como Paulo Coelho e a série Harry Potter, a publicação mostra que o sonho de democratizar a leitura, fazendo do livro objeto acessível aos mais pobres, vem de muito longe.
No fim do século 19, quando a capital brasileira contava uma dezena de livrarias e a taxa de analfabetismo atingia 80%, o aumento da migração campo-cidade provocou o surgimento dos primeiros livros populares de que há registro. Diferentemente das encadernações caprichadas dos livreiros estrangeiros, como o francês Baptiste Louis Garnier, principal editor de Machado de Assis, nossos livros ganhavam capas simples e eram feitos de papel barato. Por isso, custavam menos da metade do preço.
Os chamados "livros para o povo", clássicos de Alighieri a Verne volumes sobre fotografia, direito, música, biologia já faziam sucesso em Portugal. Por lá, também só um pequeno grupo de privilegiados podia comprar edições caras. O Brasil se beneficiou desse know-how e viu surgir edições em "formato acomodado a qualquer bolso que não seja do colete", como passou a anunciar o próprio Garnier em sua chique loja da Rua do Ouvidor.
Outros editores passaram a se dedicar às edições de baixo custo. No fim dos anos 1870, era aberta a Livraria do Povo, que anunciava: "Até os cadáveres se levantam pra aproveitar as pechinchas!" O livro deixava aos poucos de estar atrelado ao saber erudito.
Hoje, a média de livros lidos por ano pelo brasileiro é de 4,7 por ano (a maior parte, emprestado, de conhecidos e de bibliotecas) e o governo tenta emplacar o livro popular, que custaria até R$ 10 e atenderia às classes C, D e E.
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