Apesar da postura diplomática do secretário-executivo da Convenção de Diversidade Biológica (CDB), o argelino Ahmed Djoghlaf, de não se cansar de dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está dispensando atenção nunca antes vista por um chefe de estado para as questões ambientais discutidas no âmbito da Organização das Nações Unidas, a verdade é que essa influência é apenas indireta. Tanto que o presidente vem a Curitiba, mas a agenda, disponível no endereço www.info.planalto.gov.br, informa que ele sequer irá colocar os pés em Pinhais, onde realmente acontecem os debates da COP8.

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De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, Lula chega à capital paranaense neste domingo à noite, por volta de 21 horas, vindo de São Bernardo do Campo (SP). Mas apenas adiantou a chegada para poder descansar porque sua presença não está confirmada no requintado jantar promovido pela ONU na Ópera de Arame, a partir das 20 horas. São esperados 800 convidados – o que equivale a dizer que só os mais gabaritados dentre os três mil credenciados no evento são bem-vindos.

Lula vem exclusivamente para prestigiar a abertura do segmento de alto nível da COP8, que deve reunir ministros de meio ambiente de 101 países. O evento será realizado de segunda a quarta-feira, no Estação Embratel Convention Center. Antes do discurso de boas-vindas, deve se encontrar com Supachai Panatchpakdi, secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento. A previsão é de que antes das 13 horas desta segunda-feira o presidente já estará voando para Brasília.

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O Segmento Ministerial é a prova de que o Brasil está atraindo as atenções do mundo. Na última COP, estiveram presentes apenas 16 ministros. Para a edição tupiniquim, mais de cem representantes do primeiro escalão do meio ambiente confirmaram presença. Talvez porque pela primeira vez a reunião ministerial será mais do que um amontoado de discursos, trocas de informação e de experiências entre governos. A pedido da ONU, o Brasil foi convidado a dar um tom mais formal e útil para a confraternização. As equipes brasileiras prepararam uma agenda de discussões, que prevê o intercâmbio com pesquisadores do mundo inteiro sobre diferentes aspectos da biodiversidade.

Assim, o que for debatido na reunião ministerial não tem o poder de mudar o texto da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Podem surgir, no máximo, recomendações e instruções sobre posição nacional nos debates oficiais realizados no Expo Trade. Em tese, não são os ministros que precisam ser convencidos da importância das discussões ambientais no contexto socioeconômico, mas são eles os encarregados, na queda-de-braço, de mostrar vontade política e priorizar as questões ecológicas. O que for debatido durante o Segmento Ministerial será levado pela ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, para a plenária que marca o último dia da COP8, na sexta-feira.