O chefe da delegação do México na COP3, Marco Meraz, confirmou nesta terça-feira que seu país defende o modelo menos rígido de rotulagem das cargas de organismos geneticamento modificados, que seriam identificadas pela denominação "pode conter transgênicos". "O ‘pode conter’ é mais realista", disse Meraz em entrevista à Gazeta do Povo. Segundo ele, a opção "contém transgênicos" é mais difícil de ser implantada pelos países.

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Caso o México mantenha a posição, a nova proposta brasileira (adoção do "contém" num prazo de quatro anos) não seria aprovada, pois é preciso que haja consenso entre todos os 132 países signatários do Protocolo de Cartagena de Biossegurança para a adoção de qualquer modelo que não seja o "pode conter", atualmente em vigência.

Meraz considerou que mais importante do que discutir uma "questão de palavras" seria, neste momento, melhorar o sistema de informação entre os países a respeito dos tipos de transgênicos que cada nação autoriza e exporta. Esse sistema já está disponível para todos os países na internet e é conhecido pela sigla BCH. O México considera que melhorá-lo, ao incluir mais informações obrigatórias sobre o movimento transfronteiriço de transgênicos, seria uma forma conciliatória e construtiva de se chegar a um consenso na MOP3.

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A posição mexicana, que estaria sendo apoiada por outros países latino-americanos, caiu como um balde de água fria na expectativa de que a mudança de posição do Brasil, oficializada na segunda-feira, seria suficiente para promover alterações nas regras de identificação de transgênicos. O Brasil, na última MOP, ao lado da Nova Zelândia, havia bloqueado o consenso pela adoção do modelo do "contém transgênicos", mais rígido. Com a mudança de postura brasileira, a Nova Zelândia ficaria isolada e seria mais fácil aprovar uma novidade nesta MOP3.

Diplomatas consideram, porém, que o México poderia apenas estar marcando uma posição mais extremada para, em seguida, negociar alterações menos profundas no protocolo.