A mistura deliberada de ritmos e as letras trocadilhescas bem trabalhadas sempre foram o cartão de visitas da Banda Gentileza. Mais enxuto, reto e “rock” do que o álbum anterior, “Nem Vamos Tocar Nesse Assunto” segue a linha ultraeclética, mas aponta interessantes novidades.
Somente com voz e piano, “Eu Sempre Quis” é uma “autossabotagem”, de acordo com o grupo. Fala sobre a necessidade de sofrer para compor e, com versos sobre o Prêmio Bravo e o da APCA, brinca com a “cena.” “Nenhum caderno cultural resiste a um coração despedaçado.” É a primeira faixa, uma introdução inesperada para uma sequência de sete músicas em que encontramos a “nova Gentileza”, agora mais pontual e exata.
O pesado samba-rock “Pesadelo” usa um coro marcante como apoio à melodia (no esquema pergunta-resposta), e oferece a conhecida letra “dor de cotovelo divertida”, outra marca da banda. O coro, aliás, prossegue por todas as músicas, exceto pela última faixa. Torna-se um instrumento, enfim. Com uma pequena confusão instrumental controlada que lembra Man Man, “Pesadelo” também demonstra a naturalidade com que o álbum foi gravado (ao vivo), já que Heitor canta sem amarras.
A divertida “Casa”, com cara de samba-enredo urbano, é o hit do disco. Tem uma das melhores melodias da história da banda e inserções marotas de um teclado que parece ser de videogame. A vingativa “Espiões” tem um pé no klezmer, enquanto em “Chorume” Heitor usa aliteração para compor uma faixa marcante com algo de dub e afrobeat. “O perfume do teu choro tem o cheiro do chorume.”
A última, “Tudo Teu”, é uma bonita balada sobre duas pessoas que se encontram no céu. Como a primeira, também algo inesperado (e bem-vindo) para uma banda que sempre foi de festa. Coisa da idade, talvez.
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