Quando egípcios e maoris (membros tribais da Polinésia) marcavam a pele com desenhos em cerimônias ritualísticas, jamais poderiam imaginar que suas práticas se difundiriam por todo o mundo, ganhando o status de arte e inspirando todo um estilo de vida. Como forma de celebração desse estilo de vida e disseminação da tatuagem que Curitiba recebeu no último fim de semana, no Espaço Torres Paraná Clube, a 4ª edição da Convenção de Tatuagem Incorpore Arte. Confira as imagens do evento
Arte era a palavra-chave. “Durante os concursos da convenção acho engraçado o pessoal chamar as pessoas de ‘telas’. Mas, apesar de não ser do modo tradicional, é possível sim fazer arte através da tatuagem”, diz o tatuador carioca Marcelo Zissu, de 31 anos, para quem “a pele é uma nova mídia”.
Entre as diversas modalidades de concursos que fizeram parte da programação do evento – as categorias iam desde “Preto e Branco”, “Comics”, “Aquarelado”, “Fechamento”, entre outras – uma que caiu no gosto do público foi a eleição da Miss Tattoo. A vencedora foi a curitibana Larissa Pereira, de 27 anos. Ela levou a sério a ideia de transformar a pele em uma nova mídia. “Concursos como esse colocam a beleza da mulher tatuada em evidência e ajudam a desfazer o estigma que algumas pessoas ainda sofrem, mostrando que sim, são mulheres de atitude. Muitas delas são mães, trabalham, correm atrás do que querem e devem ser valorizadas”, afirma.
O evento, que ao longo dos três dias registrou uma média de 8 mil visitantes, reuniu 120 expositores tanto do Brasil quanto de países como Chile, Uruguai, Peru e Argentina, dos mais variados estilos.
Ricardo “Chileno”, idealizador e um dos organizadores da convenção, destaca que “a força do cenário curitibano no panorama nacional da tatuagem foi um dos motivos para a realização do evento”, que teve a sua primeira edição em 2012. Ainda segundo ele, “havia cerca de 60 convenções espalhadas pelo país na época e achava que Curitiba, com a qualidade dos profissionais que tinha, merecia o seu próprio evento”.
Também chileno, o tatuador Pablo Palominos, 28 anos, veio ao Brasil pela oitava vez para a convenção. Para ele, o mais importante é “divulgar o trabalho para um publico ainda mais amplo”. “Meu estilo é ‘New School’ e, além de estudar as técnicas, é importante ter conhecimentos sobre saúde para tratar bem da pele, por exemplo. A troca de informações enriquece o trabalho”, afirma.
95% do corpo tatuado
Entre os artistas locais que integraram a convenção está Chris Santos, 37 anos, do Calavera Tattoo Arte Estilo, que já se dedica à tatuagem há oito anos. Para ele, “a parte mais legal da convenção é o intercambio com outros tatuadores. Encontrar os amigos ou mesmo conhecer gente de fora que tragam novidades”. Dono de um estilo próprio conhecido como “sketch” – traços que lembram os desenhos rascunhados, com a coloração em estilo aquarela que extrapola os limites do contorno – ele considera que “a cultura pop tem influenciado o mundo da tatuagem. Alguns artistas estão transportando elementos como quadros, referências do cinema e afins para a pele das pessoas, o que ajuda a popularizar a tatuagem como forma de arte”, comemora.
Além dos tatuadores e modelos, o próprio público foi um espetáculo à parte. João Carlos, 23 anos, tem 95% do corpo tatuado e chama a atenção também pelos diversos piercings e modificações corporais. “Eu trabalho com piercings e ainda tem muita gente que tem preconceito. Eu sempre achei bonito piercing e tatuagens. Para mim isso é como uma paixão”, conta.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode