Adolf Burger, o último funcionário do escritório que falsificava moeda britânica instalado pelos nazistas no campo de concentração de Sachsenhausen, morreu aos 99 anos, informou nesta quinta-feira (8) uma rádio checa citando sua filha.
Burger foi o autor do livro autobiográfico “A oficina do diabo”, adaptado para um filme em 2007 pelo diretor austríaco Stefan Ruzowitzky, sob o título “Os Falsários”.
A adaptação do livro venceu em 2007 o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Militante comunista judeu eslovaco, Adolf Burger, nascido em 1917 em Velka Lomnica no Alto Tatras, passou dois anos de sua vida na “oficina do diabo”, um local ultrassecreto instalado no coração do campo de concentração de Sachsenhausen, sob o codinome “Operação Bernhard”. O objetivo era arruinar a economia dos Aliados.
Com 139 outros tipógrafos judeus, ele fabricava dinheiro e documentos falsos para espiões nazistas.
“Nós não deveríamos ter sobrevivido, por isso é que havia apenas judeus, deveríamos ter terminado na câmara de gás, mas finalmente tudo acabou de forma diferente”, contou ele em 2007.
Foram seus talentos como tipógrafo que o levaram à prisão em Bratislava, em agosto de 1942: ele fabricava certificados de batismo falsos para salvar judeus durante o regime pró-nazista de Jozef Tiso.
Milhões falsos
Deportado para Auschwitz, pesava cerca de 35 kg quando os nazistas decidiram transferí-lo para a Alemanha para usar seus conhecimentos especializados.
Entre 1943 e 1945 os falsários judeus fabricaram 131 milhões de libras esterlinas. A produção de dólares falsos começava quando o avanço das tropas russas forçaram os nazistas a transferir a equipe para a Áustria.
Levado com seus companheiros ao campo de Ebensee, Adolf Burger conseguiu escapar aproveitando o caos causado pelo avanço das tropas aliadas.
Em sua chegada em Praga, em 1945, ele revelou à polícia da Checoslováquia sobre a maior operação de falsificação já realizada no mundo.
“Eles telefonaram a um banco, que nos levou uma mala de dinheiro considerado autêntico, e como nós, tipógrafos, sabíamos o que ninguém mais sabia, fui capaz de reconhecer as notas falsas que tínhamos fabricado, havia pelo menos 200”, disse, em 2007, Adolf Burger, que viveu em Praga desde o fim da segunda guerra mundial
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