Rodrigo Santoro, Martina Gusman, Pablo Trapero e Eli Medeiros no lançamento de "Leonera", em Cannes| Foto: Vincent Kessler/Reuters

Com foco cada vez maior na produção cinematográfica da América Latina, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que se inicia nesta sexta-feira (17), homenageia o cineasta Pablo Trapero, um dos grandes destaques do mercado argentino.

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Após estrear no Festival de Cannes, em maio, seu filme mais recente, "Leonera", já passou pelos mais importantes festivais do mundo. E tem ainda fortes laços com o Brasil: Rodrigo Santoro faz o principal personagem masculino, e a co-produção do longa é da VideoFilmes, de Walter Salles.

O cineasta brasileiro, aliás, é só elogios para Trapero. Salles escreveu um texto divulgado no site da Mostra de Cinema dizendo que "Trapero está à frente desse processo de renovação que entende o cinema como uma forma de expressão essencial" e o define como "um dos maiores talentos do cinema de autor contemporâneo".

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"Em apenas cinco filmes, Trapero desenvolveu uma escrita única e pessoal. Seu olhar não julga. Mostra e revela. Não há um plano a mais, uma posição de câmera que não seja necessária em seus filmes. Atores e não-atores, dirigidos com precisão e delicadeza, estão a serviço de um todo. Para Trapero como para Bresson ou Rosselini, fazer cinema é ao mesmo tempo uma questão ética e estética", explica Salles.

Leon Cakoff, diretor da Mostra de SP, reafirma a importância do trabalho de Trapero. "Nós, como brasileiros, temos complexo de ser latino-americanos e não ser, ao mesmo tempo - por causa do idioma [português, e não espanhol como na maioria], das distâncias, da identidade cultural. Com o cinema do Trapero ficamos mais confortáveis. Ele faz referências e apresenta personagens que dizem 'meus compatriotas, vocês não se conhecem'." Cakoff destaca, ainda, a simplicidade do argentino. "Ele é tão simples, não é uma pessoa que tem muito mistério. Pelo universo que constrói em seus filmes, pela carga humanista que ele tem, não poderia ser diferente."