Arte Cibernética: o termo pode assustar um pouco. Pode soar como algo tão inovador que é quase incompreensível. Mas não. A explicação básica é que esse tipo de arte privilegia a interação entre dois agentes, seja entre espectador e obra ou entre elementos da própria obra.
Quem se interessou pode interagir com nove trabalhos na exposição Arte Cibernética – Coleção Itaú, que inaugura nesta terça-feira (31), às 19 horas, no Museu Oscar Niemeyer. Antes de chegar ao MON, a mostra passou por capitais como Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, João Pessoa e Recife.
As obras fazem parte da compilação do Itaú Cultural, iniciada em 1997 com um trabalho da artista Regina Silveira – o conjunto é considerado um dos pioneiros do segmento na América Latina.
Concebida pelo Núcleo de Inovação e Artes Visuais do Instituto Itaú Cultural, a exposição tem a intenção de mostrar a poética das obras. Logo, a tecnologia seria uma mera ferramenta, assim como um pincel e uma tela, em uma pintura convencional.
“E as obras dependem, de alguma forma, da presença do espectador, pois é algo que precisa ser experimentado. Ver esses trabalhos não é a mesma coisa que interagir com eles”, diz Marcos Cuzziol, um dos organizadores.
Museu Oscar Niemeyer (R.Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico), (41) 5540-4400. Inauguração terça-feira, às 19 horas. Entrada franca. Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 19 horas. R$ 6 e R$ 3 (meia).
No MON, foram reunidas as seguintes obras: OP_ERA: Sonic Dimension (2005), de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat; Life Writer (2005), de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau; PixFlow #2 (2007), do coletivo belga LAb[au]; Les Pissenlits (2006), de Edmond Couchot e Michel Bret; Reflexão #3 (2005), de Raquel Kogan; Descendo a Escada (2002), de Regina Silveira; Fala (2011), de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti; Text Rain (1999), de Camille Utterback e Romy Achituv; e Ultra-Nature (2008), de Miguel Chevalier.
No caso de Chevalier, o artista mexicano naturalizado francês deve, segundo Cuzziol, surpreender o público com o seu jardim virtual gigante, projetado em paredes.
“Cada planta, multicolorida, é gerada por um código genético, que definem o tipo de folha e o formato. Juntas, as duas podem gerar uma terceira planta, que crescem com formatos meio imprevisíveis”, diz o organizador.
Outros trabalhos que devem cativar os visitantes são Descendo a Escada (2002), de Regina Silveira, em que ela utiliza uma projeção sincronizada de três aparelhos sobre um espaço entre duas paredes e o chão (e foi criada especificamente para o Itaú Cultural naquele ano), e Fala. A máquina, movida por um coro do microfone de 40 telefones celulares, é uma brincadeira, espécie de “telefone sem fio”, em 20 diferentes línguas.
Identificação
Para Marcos Cuzziol, a aproximação do público com obras de arte que envolvem a tecnologia é natural. “Uma criança que está acostumada com videogames, celulares, tablets. É normal que ela se sinta mais atraída por esse tipo de trabalho do que os com linguagens tradicionais. Outra questão é que elas não dependem de uma compreensão conceitual, tem um apelo maior e mais direto”, crê.
A entrada para a inauguração de Arte Cibernética – Coleção Itaú é franca.