"Funcionalismo público não funciona na música"
Em meio a críticas à estabilidade do funcionalismo público na música erudita um "conforto nocivo à busca constante de qualidade que caracteriza uma grande orquestra" e elogios ao investimento feito pelo governo de Minas Gerais na Filarmônica, o maestro Fabio Mechetti e o pianista Arnaldo Cohen vêem nas turnês da orquestra uma chance para inspirar as comunidades e os dirigentes da política cultural dos locais por onde passam.
A Filarmônica de Minas Gerais (confira o serviço completo do evento) se apresenta hoje, às 20h30, no Teatro Positivo, em Curitiba, e amanhã, às 20h30, no Cine-Teatro Ouro Verde, em Londrina. Além de um programa com o Concerto "Em Formas Brasileiras" para Piano e Orquestra, do alagoano Hekel Tavares (1896-1969), e a Sinfonia N.º 2 em Mi Menor, do russo Sergei Rachmaninoff (1873-1943), a primeira turnê da orquestra pelo Sul do país tem um segundo objetivo. Criada em fevereiro de 2008, e já considerada um grupo de sucesso, a Filarmônica quer divulgar o seu modelo de organização e gestão para outras orquestras brasileiras (leia mais na matéria ao lado). "Queremos mostrar o trabalho que vem sendo feito e, ao mesmo tempo, tentar divulgar o modelo no resto do país. Também vamos aprendendo pelo Brasil o que podemos aplicar para nos aprimorarmos", diz o diretor artístico e regente Fabio Mechetti.
Concerto
O solista convidado é Arnaldo Cohen, pianista brasileiro radicado nos Estados Unidos, que escolheu a melodiosa obra de Tavares por considerá-la "o único concerto realmente romântico do repertório brasileiro", estando mais ligada às linhas de composição do século 19."É uma obra pouquíssimo tocada devido a várias circunstâncias. Não me surpreenderia se fosse uma das primeiras audições em Curitiba", diz Cohen. "Fizemos um trabalho de recuperação dos manuscritos e cópias da obra para podermos divulgá-la. Eu a venho tocando no exterior e o público adora. As pessoas ficam atônitas por não a terem ouvido antes", diz o pianista, que elogia os elementos da música folclórica usados pelo compositor característica ligada à tradição nacionalista da música brasileira. São três movimentos: "Modinha (Tempo de Batuque)", "Ponteio" e "Maracatu".
Qualidade
Já a sinfonia de Rachmaninoff obra de quatro movimentos, do Romantismo tardio integra o programa para explorar a qualidade da orquestra. "É uma sinfonia de grande dificuldade técnica, mas de grande gratificação. Tudo o que se espera de Rachmaninoff", diz o maestro Mechetti. "Ela representa bem o nível em que a orquestra tem chegado."
"Faço questão de que a programação e os convidados sejam os mais diversos, e a qualidade dos músicos a mais alta possível", diz Mechetti. "Ainda é uma orquestra nova, composta de músicos do Brasil e do mundo inteiro, e tem muito a ser feito para chegar ao nível internacional que almejamos. Mas já podemos ver que o projeto está dando resultados palpáveis, com um número crescente de assinantes, público constante e vários concertos lotados", diz. "Existe uma carência latente por qualidade em Minas Gerais e constatamos isso no resto do Brasil. Preenchemos essa lacuna."
Serviço
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Teatro Positivo Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3107. Hoje, às 20h30. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
Amanhã
Cine-Teatro Universitário Ouro Verde (R. Maranhão, 85), (43) 3322-6381. Londrina. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).