Todo resultado artístico é cercado de profunda subjetividade. Na música, canções podem ser interpretadas em diferentes estilos, de modo a preservar seus traços essenciais. É o caso das releituras, em que uma obra é apresentada sob um novo contexto, sem que o artista cometa o pecado da cópia.
Foi o que fez o grupo de folk/pop Shel, do Colorado, EUA, ao gravar uma nova versão para o clássico “Enter Sandman”, do Metallica. Mundialmente conhecida por seus riffs marcantes e linhas vocais agressivas, agora a canção que abre o prestigiado “Black Album”, de 1991, pode ser ouvida na delicada voz de Eva Holbrook.
Formada por quatro irmãs, Shel é um acrônimo de Sarah, Hannah, Eva e Liza. A decisão de fazer uma versão folk para um hino do metal foi corajosa e, também por isso, deixou a vocalista Eva apreensiva sobre a repercussão. “Rezei para que os deuses do rock não me fulminassem ou que eu fosse misteriosamente eletrocutada no estúdio por sussurrar a letra de uma canção do Metallica e não incluir guitarra elétrica no arranjo”, revelou.
Originalidade
A releitura é mais curta, homogênea e lírica que a original. Um solitário e melancólico vocal abre a canção entre sussurros, que preparam as linhas graves de baixo até o memorável riff aparecer em som de bandolim.
Ganhando intensidade de forma progressiva, a versão feminina da música soa mais fluída e dramática que a dos metaleiros. Livre das convenções do rock, o resultado é tão original quanto os gritos de James Hetfield.
A versão de “Enter Sandman” da Shel estará no segundo disco de estúdio da banda, intitulado “Just Crazy Enough”, com lançamento previsto para o dia 13 de maio. A produção é de Dave Stewart, do Eurythmics.
Veja a versão de “Enter Sandman” da Shel:
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