O dilema para quem ouve e consome música de alguma forma se repete a cada ano. O que os próximos 365 dias trarão de novidades no âmbito musical? A lista, entretanto, segue sempre a mesma fórmula básica: o rapper descolado que mistura rimas fortes a elementos de outros subgêneros; a banda indie inglesa que deve salvar o rock ‘n’ roll do limbo, ou ainda, quem sabe, a cantora descolada de agudos estridentes, nascida em algum país longínquo, que canta as dores do mundo com as baladas mais tristonhas da história recente.
Neste ano, entretanto, o cardápio segue uma linha diferente. Influenciados por um 2016 de grandes perdas musicais (Leonard Cohen, David Bowie, Prince e George Michael), 2017 ficará marcado pela faceta pop quase que itinerante dos artistas listados acima. Da genialidade precoce da britânica Jorja Smith, passando pela melodia suave dos ingleses do The Amazons, o ano que se inicia também será dominado pela forte onda do hip-hop. Nomes como AJ Tracey, Anderson.Paak e David Santan devem surgir com força entre janeiro e dezembro.
O inglês AJ Tracey, que encabeça listas de importantes veículos como Rolling Stone e BBC, começou sua trajetória com aparições em rádios piratas no Reino Unido. Ele também chamou a atenção da crítica com o EP “The Front”, lançado no ano passado. O jornal britânico The Guardian o colocou como grande novidade do país em 2016. AJ Tracey faz um som sujo, direto e sem firula. A música “Pasta”, por exemplo, externa o clima soturno e intenso de sua musicalidade frenética e de rimas fortes.
O norte-americano Anderson.Paak segue os passos de AJ Tracey, porém, numa linha mais dançante. Ele é responsável por “Malibu”, um dos melhores discos de 2016. A obra traz uma mescla quase que perfeita entre o hip-hop, o soul, o jazz e o R&B. Sucessor de “Venice” (2014), “Malibu” é o segundo disco de sua carreira, chancelando seu passaporte para ganhar os holofotes em 2017.
David Santan, que já fez parcerias com AJ Tracey e Drake, também está entre os principais nomes que devem brilhar neste ano. A música “Thiago Silva” (sim, uma referência ao zagueiro do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira), um de seus principais singles, externa a capacidade de bolar rimas e estrofes criativas. Ele começou sua trajetória no ano passado, no Black Box, canal do YouTube dedicado ao rap freestyle. De lá pra cá, só vem acumulando elogios e boas críticas.
Pop
Não só de rap e hip-hop, todavia, figuram as apostas para 2017. A jovem Jorja Smith, de apenas 19 anos, é considerada uma das pérolas da música pop. Transada, a garota transita com muita habilidade pelo soul e o R&B. Ela, que já foi considerada por muitos como a sucessora de Amy Winehouse, canta desde os 8 anos. Aos 11, já escrevia as próprias canções. Seu maior sucesso, “Blue Lights”, já conta com milhões de visualizações no YouTube.
No rock, quem deve se destacar é banda britânica The Amazons. Com estrofes melosas e bem produzidas, desde 2015 o grupo vem produzindo singles e EPs certeiros, com uma sonoridade pop para os ouvidos do mundo. O conjunto, inclusive, arrebata multidões por onde passa. A música “In My Mind” prende a atenção por ter uma construção simples. “Little Something” equilibra sutileza e riffs pesados na medida correta.
Os ingleses do Cabbage são o que de mais interessante surgiu em Manchester nos últimos anos. Com um rock de garagem que beira a displicência, os garotos ironizam a vida britânica. Eles mesmos classificam sua sonoridade de ataque satírico sob a forma discordante do neo pós-punk. A ver.
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