De objeto ameaçado de extinção a produto fetiche, o vinil é o único formato físico com promessa de sobrevida no mercado. Com demanda crescente, os bolachões ganham neste fim de semana duas feiras especializadas em Curitiba. No sábado (11), a Feira do Vinil chega a sua 19ª edição no Canal da Música. Já no domingo (12), o Selo Vinyl Club reúne milhares de títulos e colecionadores no Memorial de Curitiba.
Sábado
Relacionar o resgate do vinil apenas ao público mais velho e nostálgico é um erro. Sem o impulso das novas gerações, o aumento consecutivo nas vendas de vinis não seria possível. O formato é a grande aposta da indústria para garantir a sobrevivência do conceito de músicas relacionadas e a materialidade do álbum.
“O formato nunca morreu, sempre houve consumo de vinil. Quando apareceu o CD, as vendas de LPs caíram. Mas depois de um tempo as pessoas perceberam que CD deteriora muito fácil. Se cuidar direito o LP dura mais que você”, garante Marco Antonio Cunha, organizador da Feira de Vinil do Memorial de Curitiba e dono do Selo Vinyl Club.
Realizada em 2011 como um evento extraordinário para celebrar o “Dia do Vinil” - criado em homenagem ao músico Ataulfo Alves, falecido no dia 20 de abril de 1968 - a Feira do Vinil chega a sua 19ª edição com 55 expositores de diferentes estados do Brasil. O evento acontece entre as 10h e 18h de sábado (11), no Canal da Música, com entrada franca.
Além do comércio de vinis, a feira promove música ao vivo, gastronomia, oficinas e arte. Nesta edição, a área externa será ocupada por uma exposição de carros antigos e 10 foodtrucks, além de um viniltruck, que promete trazer títulos raros de São Paulo-SP para Curitiba.
A programação conta com as bandas Carne de Onça, Rock Madruga, Beatles Machina e Djoa, além da presença do artista plástico Rogério Aquino, que durante o evento estará pintando um mural aberto.
Domingo
Em meio a mais tradicional feira de artes da cidade, a Feira do Vinil do Memorial de Curitiba reunirá 35 expositores entre às 9h e 15h de domingo (12). Às 11h, haverá o show de lançamento do primeiro trabalho em vinil do músico catarinense Tarso Volpato.
Intitulado “Volta à Estrada”, o disco foi prensado na fábrica da Polysom e financiado pelo próprio artista, que durante a feira estará vendendo o bolachão por R$ 50. “Não estou preocupado com o lucro, o investimento é maior do que será o retorno, o máximo que posso chegar é em um empate”, avalia Tarso.
As 500 cópias de 140 gramas do disco reúnem 12 faixas fundadas no rock clássico e na world music, além de inserções rítmicas latinas. O trabalho reuniu em estúdio os músicos Marcelo Guedes (bateria), Fred Pedrosa (baixo), Luciano Moraes (guitarra), Fabrício Dalaveccia (trombone) e Luís FitzPatrick (uilleann pipes), que também acompanham Tarso no palco.
Feiras trazem raridades
Tim Maia. “Racional, Vol. 2” (1976)
O sétimo álbum de estúdio da carreira de Tim Maia e o segundo e último enquanto o artista esteve ligado a Cultura Racional, “Tim Maia Racional, Vol. 2” foi lançado pelo selo Seroma, criado pelo próprio artista. Com uma sonoridade que combina funk e soul, o disco traduz em versos a ideologia Racional. Assim como seu primeiro volume, o disco é um dos alvos prediletos de colecionadores. O relançamento do disco divide opiniões, já que em sua época foi um fracasso de vendas e foi renegado pelo próprio artista em vida. Na feira, o bolachão sai por R$ 2 mil.
Kiss. “The Elder” (1981)
Com a intenção de mostrar que a banda tinha amadurecido musicalmente, adotando até um visual mais sóbrio, como revela a capa do disco “The Elder”, o grupo foi do hard rock ao rock progressivo em seu álbum mais conceitual. Apesar da critica ter elogiado, o trabalho desapontou os fãs, que não compraram a ideia e fizeram do disco um fracasso de vendas. A discussão sobre se o trabalho foi um dos melhores ou um dos piores do Kiss permanece até hoje. Para ter uma opinião embasada por uma cópia do LP, é preciso desembolsar R$ 1.500.
Cartola. “Cartola” (1974)
O primeiro álbum de estúdio de um dos sambistas mais icônicos do Brasil foi lançado em 1974, quando o músico tinha avançados 65 anos. Com produção de João Carlos Bozelli, o Pelão, e direção artística de Aluizio Falcão, o disco homônimo é considerado uma obra-prima da cultura popular. Em “Cartola”, os arranjos de Dino 7 Cordas deram formas polidas aos maiores clássicos do carioca, como “Tive Sim”, “Alvorada” e “O Sol Nascerá”. A jóia pode ser adquirida por R$ 500.