Céu faz neste sábado (12) o primeiro show em Curitiba de seu álbum mais recente, o elogiado “Tropix”, lançado em março deste ano. A apresentação acontece na Ópera de Arame, às 20 horas.
O show se concentra nas canções do disco, com algumas releituras de trabalhos anteriores “com um certo aspecto ‘Tropix’”, nas palavras da cantora e compositora paulistana.
Ela se refere à linguagem particular do novo álbum, que tem produção de Hervé Salters (do grupo de funk eletrônico General Elektriks) e Pupillo (baterista do Nação Zumbi e do grupo que acompanha Céu neste show em Curitiba).
Em “Tropix”, eles fundiram música brasileira com uma sonoridade mais “sintética”, baseada em teclados e beats eletrônicos – mais “polida”, “hi-fi” e “fria” que a de discos anteriores da cantora.
“É um disco que flerta com um mundo mais sintético, mais eletrônico – não o gênero, mas sim o que as máquinas nos proporcionam”, descreve Céu, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.
Inquietação
Céu conta que estava interessada em trabalhar com uma “estética mais soturna, ainda assim com certo brilho” – inspirada por krautrock, Kraftwerk e bandas de pós-punk como Blondie e The Cure. A canção, em si, não muda, mas cantora diz que procura experimentar a cada disco e incorporar aspectos contemporâneos aos arranjos – a parte “plástica” da história.
É sua forma de trabalhar, mas também uma postura artística consciente esteticamente. “Tenho uma coisa dentro de mim que é bastante inquieta sobre a posição que a música brasileira exerce no mundo. Acho que a música brasileira é muito importante, tem coisas que foram de extrema importância no mundo”, diz. “E tenho sempre esse desejo, quase ingênuo, de colocá-la num patamar mais forte, mais contemporâneo.”
Céu – “Tropix”
Ópera de Arame (R. João Gava, 874). Dia 12, às 20h. Os ingressos custam R$ 90 e R$ 50 (meia-entrada), e estão à venda pelo serviço Disk Ingressos. Mais informações: (41) 3315-0808.
A recepção foi bastante positiva. Céu fez turnês na América do Norte e na Europa, e o trabalho foi destaque em publicações internacionais importantes. Idem por aqui: recentemente, ela levou quatro troféus do Prêmio Multishow 2016, em outubro – dois pelo clipe de “Perfume do Invisível”, primeiro single de “Tropix”.
Céu avalia que sua geração, diretamente atingida pelas mudanças da indústria da música de meados dos anos 2000 para cá, está finalmente encontrando “um norte” para trabalhar – embora seja mais difícil ser indie no Brasil do que em outros países onde este circuito conta com mais espaços. Entre os seus contemporâneos que estão fazendo os trabalhos mais interessantes, ela cita Tulipa Ruiz (parceira na faixa “Etílica/Interlúdio” de “Tropix”), BaianaSystem, Liniker e Karina Buhr. “Acho que tem muita coisa legal, que ainda vai se estabelecer ainda mais”, prevê.
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