O Teatro do Paiol vai soar como um mosteiro catalão do século XIV nesta quarta-feira (13). Isso porque o grupo de pesquisa e performance musical Illvminata traz ao palco o espetáculo “El Llibre Vermell de Montserrat – O Livro Vermelho de Montserrat”, baseado em um compilado de partituras medievais datadas de 1399, atualmente preservadas no Mosteiro de Montserrat, na Espanha.
Originalmente composto de 172 fólios duplos – folhas de papiro dobradas ao meio – ao longo do tempo diversos trechos se perderam, chegaram até nossos dias apenas o equivalente a 10 canções, todas em suas notações e linguagens originais (catalão, latin e occitano). Todas elas estão presentes no repertório e guardam entre si a similaridade da temática religiosa, de louvação e descrição dos milagres da Virgem de Montserrat.
Teatro do Paiol (Praça Guido Viaro, s/nº – Prado Velho)
Data: 13 de janeiro, às 18h30
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Para recompor toda a atmosfera de época e reproduzir o mais fielmente possível as sonoridades originais das peças, a diretora geral do projeto, Daniele Oliveira, selecionou instrumentistas familiarizados com a pesquisa da música medieval – entre eles Carlos Simas (Gaiteiros de Lume, Clan Mac Norse), Carlos Ramos, Guilherme dos Anjos e outros – que trazem para o projeto instrumentos como nyckelharpa, alaúde medieval, cantelli e gaitas de fole.
Confira o repertório completo da apresentação:
Canção: O virgo –”Oh Virgem esplendorosa”
Virelai: Stella splendens – “Estrela esplêndida”
Canção: Laudemus Virginem – “Louvemos a Virgem”
Virelai: Mariam, matrem virginem, attolite – “Louvemos Maria, nossa Virgem Mãe”
Virelai: Polorum Regina – “Rainha dos polos”
Virelai: Cuncti simus concanentes – “Cantemos juntos”
Canção: Splendens ceptigera – “Rainha esplêndida”
Balada: Los set gotxs – “Os sete gozos”
Moteto: Imperayritz de la ciutat joyosa / Verges ses par misericordiosa – “Imperatriz da cidade feliz” / “Virgem, se por misericórdia”
Virelai: Ad mortem festinamus – “Nos apressamos para a morte”
Sobre a importância do resgate desse tipo de sonoridade Daniele observa: “Fazer esse tipo de música é um processo complicado. Pela escassez de referências bibliográficas, adaptações... Mesmo assim não deixa de ser vital, apesar de existirem grupos dedicados a essas vertentes musicais na cidade, existem ainda poucas manifestações. É importante oferecer uma cronologia cultural e fomentar o amor pela música antiga”.
Apesar da temática religiosa, o público pode esperar canções bastante vibrantes. Daniele menciona, a título de curiosidade, que no próprio manuscrito consta que, à época, o mosteiro contava com placas que aconselhavam ao público o comedimento do ímpeto. “Neste local são proibidas danças obscenas”, diziam os letreiros, o que demonstra a energia contagiante das composições. Havia inclusive instruções de modificações para execuções das músicas dentro e fora do mosteiro.
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