O ex-Barão Vermelho Roberto Frejat, membro do GAP (Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música), organização que atua pelos direitos de músicos no Congresso Nacional, expôs na noite desta terça (10) suas críticas ao modelo de streaming -plataformas como Spotify e Deezer que tentam viabilizar o consumo de música na internet comercialmente. Atualmente, elas têm cerca de 50 milhões de usuários no mundo.
Assim como o GAP, outros artistas, como Jay-Z e Taylor Swift, e grupos como o Procure Saber, de Paula Lavigne, Gilberto Gil e Caetano Veloso, criticam o modelo de remuneração aos artistas nesses serviços.
Frejat participou de uma mesa de discussão sobre o tema na primeira conferência de música digital de Brasil, a DMX (Digital Music Experience), que acontece no Rio nesta terça (10) e quarta-feira (11).
Na opinião do músico, a remuneração deveria ser feita de acordo com a audiência do artista. Atualmente, todos recebem a mesma fatia do bolo, independentemente de quantas vezes sua música é tocada na plataforma -o que pode crescer é o tamanho do bolo.
O representante do Deezer na América Latina, Henrique Fares Leite, que participou da discussão, rebateu, ao final do debate: “Eu acho que representaria um ganho pequeno para eles. Mas, atualmente, o principal obstáculo é tecnológico. Vai acarretar custo maior para nós e para o usuário que talvez não compense.”
Frejat também mira suas críticas nas gravadoras ao questionar a falta de transparência nos contratos que elas estabelecem com os serviços de streaming.
“Os artistas não sabem como são feitos os contratos das gravadoras com as plataformas de serviço. São sigilosos. Eu sou sócio desse negócio, mas não participo da negociação. A plataforma não tem vínculo comigo, não posso reclamar dela, mas a gravadora tem.”
O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Disco, Paulo Rosa, que também esteve no debate, contemporizou: “Essas questões estão sendo discutidas no mundo todo. Achamos que a evolução do negócio vai passar por um entendimento diferente entre gravadores e artistas. Não sei antecipar como, mas vai acontecer, num futuro próximo, um entendimento que deixe eles cientes de como o modelo funciona.”
“É preciso mostrar que o mercado não é assim tão grande e que eles terão que dividir a remuneração entre milhões de tocadas. Há uma presença internacional grande no serviço de streaming. Quando você vai ver, o que sobra para dividir para os autores nacionais é pouca coisa se olharmos só para o mercado brasileiro. O que é preciso é o negócio, como um todo, crescer.”
Frejat criticou, finalmente, a base de dados usada para remunerar os artistas. Segundo ele, a mais completa do mercado brasileiro é a do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), mas os serviços de streaming utilizam uma estrangeira que, segundo ele, é defasada. Por exemplo, músicas compostas em dupla podem estar registradas como de autoria de apenas uma pessoa. “Não está sendo democrática a colocação da tecnologia”, resume.
Apesar das críticas, Frejat acredita que o modelo de streaming “veio para ficar” e avalia que ele, em princípio, pode ser benéfico para os artistas, se os termos da negociação forem ajustados.
“Não quero condenar o streaming -pelo contrário, ele foi o único modelo razoável que houve até agora. Mas um negócio só é bom se for bom para todos. Atualmente ele não é um bom negócio para o artista.”
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