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O cavaquinhista Henrique Cazes e o cantor Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha: legado do compositor precisa ser mais conhecido. | Marilia Figueiredo/Divulgação
O cavaquinhista Henrique Cazes e o cantor Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha: legado do compositor precisa ser mais conhecido.| Foto: Marilia Figueiredo/Divulgação

Um show misturado a bate-papo vai apresentar a vida e a obra de Pixinguinha (1897-1973) nesta sexta (4), sábado (5)e domingo (6), no Teatro da Caixa. Os ingressos são limitados.

Idealizada pelos músicos Henrique Cazes e Marcelo Vianna (que é neto do flautista, saxofonista, compositor e arranjador), a apresentação segue um formato de “aula-espetáculo”, em que as músicas são entremeadas por histórias e informações cronológicas.

Trajetória

O show percorre desde as raízes musicais da família de Pixinguinha e o início de sua carreira, entre 1911 e 1927, até o movimento de revalorização do músico no fim da década de 1990, quase 25 anos após sua morte.

O roteiro inclui músicas dos Oito Batutas, os clássicos “Lamentos”, “Carinhoso” e “Rosa”, arranjos importantes e exemplos da contribuição de Pixinguinha para a formatação de estilos como o choro e a marchinha de carnaval.

A ideia é jogar luzes sobre a importância da obra do músico – que, na avaliação de Cazes e Vianna, teve seu legado ofuscado pela dimensão mítica que foi incutida no compositor.

“Estações”

O roteiro do show tem cinco partes: “O jovem virtuose: 1911/1927”, que

relembra o berço musical de Pixinguinha e a história de grupos como o Oito Batutas; “O maestro pioneiro: 1928/1945”, que resgata o importante papel de arranjador que o músico desempenhou junto aos mais populares artistas brasileiros da época – incluindo Mário Reis e Francisco Alves; “O líder da Velha Guarda: 1946/1964”, que mostra como Pixinguinha passa para a “velha guarda” ; “O Homem Santo: 1965/1997”, que fala do fim da vida do compositor; e “O gênio reconhecido: 1997”, que mostra como a importância de Pixinguinha como músico começa a ser mais conhecida.

“Ele virou ‘santo’ e esqueceram do músico”, diz Vianna, hoje o principal divulgador de Pixinguinha entre os familiares do compositor. “Ele foi orquestrador, maestro, fez inúmeros arranjos para orquestras, iniciou o processo de orquestração nas gravadoras e rádios brasileiras. E foi o cara que sintetizou uma linguagem genuinamente brasileira, que é o choro. Essa música deveria ser tocada aos quatro ventos. Mas o público em geral conhece apenas ‘Carinhoso’, ‘Rosa’, ‘Lamento’, e olhe lá”, explica.

Cazes, um dos responsáveis pelo movimento de revalorização da obra de Pixinguinha, conta que o músico tem um papel estruturante e organizador na música brasileira. “Ele tinha uma criatividade e capacidade de trabalho enorme, e supriu praticamente sozinho a música brasileira de arranjos entre 1928 e 1937, quando Radamés Gnattali se tornou outro importante arranjador”, explica.

“Fazendo este espetáculo, a gente reforça, sobretudo, a valorização do artista – e não a imagem de Pixinguinha de pijama, como ele apareceu na belíssima foto de Walter Firmo. Pessoas que o amavam muito o fizeram se tornar aquele mito, aquela ideia, que não contribuiu para que ele chegasse aos anos 1990 sendo entendido como o artista que foi”, diz Cazes.

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