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Sinatra no Liederkrantz Hall, em Nova York, por volta de 1947. | William P. Gottlieb (Biblioteca do Congresso)/Wikimedia Commons
Sinatra no Liederkrantz Hall, em Nova York, por volta de 1947.| Foto: William P. Gottlieb (Biblioteca do Congresso)/Wikimedia Commons

“Sinatra permanecerá para sempre por causa da sua voz. Ele tinha aquela habilidade única de convencer você de que está sentindo e pensando exatamente o que está cantando. É algo que transcende as línguas e o tempo”, diz, em entrevista por telefone, de Nova York, o jornalista James Kaplan, que chega às livrarias do Brasil com “Sinatra: o chefão” (Companhia das Letras), tradução do segundo volume da sua obra biográfica do cantor (“Frank: a voz”, o primeiro volume, saiu há dois anos).

“O primeiro livro é a história da ascensão de um jovem trovador romântico. O segundo é um livro sobre poder, uma espécie de conto moral”, descreve Kaplan, que cobriu em “O chefão” o período que vai da volta do cantor ao sucesso, em 1954 (quando ganhou um Oscar por “A um passo da eternidade”), à sua morte. “É uma época congestionada de incidentes que as pessoas pensam que conhecem. Tinha que me certificar de ter escrito sobre eles da forma mais completa possível, eliminando as ideias erradas e inverdades.”

Em 20 de janeiro de 1961, em Washington D.C., Sinatra acompanha Jackie Kennedy num evento em prol da campanha presidencial de JFK. Corbis Corporation/Fotoarena

Um Sinatra que teve quantas mulheres quis, bebeu tudo o que pôde, confraternizou com a máfia e com políticos poderosos – e que, no meio-tempo, cantou divinamente, com muito sucesso – emerge em toda a sua complexidade do novo livro de Kaplan.

Artisticamente, Kaplan apresenta um homem dividido entre dois impulsos.

“Sinatra amava os grandes compositores, adorava a grande música, as grandes letras. Mas, ao mesmo tempo, era um animal comercial. Ele amava o dinheiro e o sucesso. Ele adorava gastar dinheiro e queria ter cada vez mais poder, e o jeito para conseguir isso, pelo menos até o fim dos anos 1960, era vendendo discos”, conta ele, lembrando que o cantor gravou músicas que detestava, como “Strangers in the night”.

“Se a canção era comercial, mas não exatamente fabulosa, Sinatra suspendia suas faculdades críticas e entrava em estúdio para gravá-la da melhor forma que pudesse. Ele achava a letra de Paul Anka para “My way” literal demais e presunçosa. Você pode acusá-lo de muitas coisas, mas nunca de presunçoso. Ele era modesto ao falar de si. Mas até hoje o público associa essa canção a Sinatra, quer que aquela seja a história de sua vida.”

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