Em outubro, a Arena da Baixada vai receber seu segundo espetáculo de música internacional. O tenor italiano Andrea Bocelli vai passar por lá com a turnê “Cinema World Tour”, em 19 de outubro – pouco mais de um ano depois de Rod Stewart estrear o conceito multiuso do estádio em setembro de 2015.
A ideia do clube é que o entretenimento represente uma fonte de renda para a manutenção do estádio, que passou a ser mais uma opção para a realização de grandes shows em Curitiba além da Pedreira Paulo Leminski. Além de oferecer o estádio, o clube se apresenta como co-realizador do evento, como fez na ocasião do show de Rod Stewart.
Curitiba oscila na rota dos shows internacionais. Entenda por que isso acontece
Localização, potencial de público, custo – um conjunto de fatores define por onde passam as grandes turnês no Brasil
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Os dois locais, no entanto, não rivalizam, na opinião de produtores. “A ação do Atlético não é uma coisa que nos preocupa do ponto de vista de concorrência”, diz Hélio Pimentel, diretor da DC SET Eventos – empresa que administra o Parque das Pedreiras.
Ele explica que a Arena deve ser procurada para sediar eventos que a Pedreira não comportaria. “Em um evento nosso, 15 mil pessoas é um sucesso. Já colocar 15 mil pessoas na Arena seria um fracasso”, diz. “Eu termino em 25 mil, meu limite. Eles começam em 30 mil. É uma coisa bacana”, diz.
“Geograficamente, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba são muito próximos um do outro. Tirando Curitiba e jogando para Porto Alegre, atinge-se um público muito maior. A Arena concorre mais na questão geográfica do que outras venues [locais para espetáculos]”
Para Lucas Giacomolli, sócio da Hits Entretenimento – empresa gaúcha responsável pela realização de shows do Guns N’ Roses, Aerosmith, Kiss, Monsters Tour e David Gilmour em Curitiba junto com produtoras locais –, a principal concorrência da Arena são as outras praças.
Segundo o produtor, artistas internacionais com força para lotar estádios no Brasil costumam ter poucas datas disponíveis no país. Foi o caso dos Rolling Stones, que fizeram três shows no Brasil no começo do ano. “Geograficamente, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba são muito próximos um do outro. Tirando Curitiba e jogando para Porto Alegre, atinge-se um público muito maior. A Arena concorre mais na questão geográfica do que outras venues [locais para espetáculos]”, diz.
Allianz Parque
A Arena do Palmeiras, em São Paulo, recebeu alguns dos principais shows internacionais que passaram pelo país desde 2014. Segundo o produtor Fabio Neves, é considerada a única arena multiuso do país realmente pronta para grandes shows. O custo, conta, pode sair mais baixo do que na Arena da Baixada.
Gian Zambon, diretor da Seven Entretenimento, de Curitiba, destaca outra particularidade que pode levar um show para a Arena: a possibilidade de o público assistir ao espetáculo sentado, como no caso de Andrea Bocelli. Mas também ressalta que este é o caso de atrações específicas. E que,dependendo do evento, os custos envolvidos na montagem de uma estrutura para shows em estádio coloca o local em desvantagem em relação à Pedreira mesmo em casos em que há potencial para públicos maiores. “Em uma situação de custo-benefício da operação, pode ser mais vantajoso colocar o show na Pedreira, mesmo com 10 mil pessoas a menos”, explica. A cobertura do estádio não é considerada fator decisivo.
No caso de o próprio clube atuar como produtor desde a contratação, a situação é mais complexa, diz Giacomolli. “Às vezes não é nem questão de dinheiro. É muito mais uma questão de negociação com agentes de fora do país”, explica. Para Zambon, o histórico e a experiência do produtor são decisivos. “Independentemente do dinheiro, o artista vem por causa de alguém”, diz.
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