Aos 40 anos de carreira, Djavan continua trabalhando em uma espécie de ciclo de mais ou menos dois anos.
O músico compõe, grava e lança um disco em um ano; no seguinte, toca no país inteiro.
Quando as últimas luzes do palco se apagam, começa tudo de novo.
“Ao terminar a turnê, estou exausto fisicamente. E só uma música nova me salva. Tenho que compor para me sentir melhor”, conta o artista alagoano, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. “É uma necessidade física”, conta.
O 23.º produto dessa rotina artística de Djavan acaba de sair e chama-se “Vidas Pra Contar”.
O disco traz a mesma banda que gravou o álbum anterior, “Rua dos Amores” (2012) – um grupo fluente no estilo inconfundível do alagoano, que passeia entre a pegada funk e pop (em “Só Pra Ser o Sol”, “Não É Um Bolero”), o samba (em “Aridez” e “Ânsia de Viver”) e o jazz (“Encontrar-te”, “Enguiçado”, “Se Não Vira Jazz”), com sofisticação e uma medida constante de estranheza estética.
As letras, última fase do processo de composição de Djavan nos últimos trabalhos, tratam de amor, de ética, da vida no nordeste – e incluem uma homenagem à sua mãe, em “Dona do Horizonte”, que lista as vozes que o formaram musicalmente. “Estou falando de vida”, diz, sem maiores elucubrações sobre a “festa” que é, para ele, escrever.
Eu não saberia não viver como vivo, sobretudo por causa do incentivo externo que chega a mim, de pessoas me dizendo diariamente o que minha música representa em suas vidas.
Com uma assinatura única na música brasileira, Djavan – que será homenageado pelo conjunto da obra no Grammy Latino de 2015 – também diz não se preocupar em perseguir o novo, a ruptura.
“A diversidade já é grande suficiente para suportar toda essa movimentação em torno da novidade. Ela mesma nos conduz”, explica Djavan.
“A própria diversidade é um desafio constante. Isso me instiga. O perigo me dá força, me move.”
Completada a primeira metade do ciclo, o músico entra em turnê em fevereiro – ainda sem data prevista para Curitiba, mas sem dúvidas de que vai passar por aqui. Até lá, faz uma pausa e passa por Maceió.
“Eu não saberia não viver como vivo, sobretudo por causa do incentivo externo que chega a mim, de pessoas me dizendo diariamente o que minha música representa em suas vidas”, diz o artista, sobre não desacelerar.
“Se sou mais produtivo que imaginam que eu deveria ser, sou sem sentir, sem perceber. Estou fazendo, tendo ideias, querendo exteriorizar. E ainda consigo tirar algumas férias.”
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Ouça a faixa “Não é um Bolero”:
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