Christopher Cross teve uma noite e tanto em fevereiro de 1981. Ele subiu ao palco da premiação do Grammy cinco vezes: levou troféus de Gravação do Ano, Álbum do Ano, Canção do Ano, Revelação e, de quebra, Melhor Arranjo Instrumental com Acompanhamento de Voz.
Não foi à toa – embora a crítica da época tenha achado um exagero. O cantor, guitarrista e compositor texano tinha nas mãos uma coleção de petardos de soft rock que até hoje são clássicos nas rádios de easy listening – estilo que ele ajudou a criar com harmonias suaves e melodias doces como as de “Sailing”.
Quem for ao show de Cross no Guairão neste sábado (8), às 21 horas, não vai demorar a ouvir este e outros hits como “Arthur’s Theme (Best That You Can Do)”, que o cantor lançou em 1981, no embalo das milhões de cópias vendidas de seu primeiro álbum.
“Christopher Cross” (1979) emplacou, além de “Sailing”, outras três músicas no top 20 – “Ride Like the Wind”, “Never Be The Same” e “Say You’ll Be Mine”.
Entendo que a internet abriu portas para mais gente mostrar sua música, mas as receitas encolheram a um ponto em que acho que os artistas não estão sendo compensados de forma justa pela sua arte, particularmente pelo Google.
E “Arthur’s Theme”, uma parceria de Cross com Burt Bacharach e Carole Bayer Sager feita para o filme “Arthur” (1981), ainda venceu o Oscar de Melhor Canção Original em 1981.
Declínio
A retrospectiva de hits, no entanto, não vai muito mais longe. Cross é lembrado por ter deixado as paradas de sucesso tão rápido quanto chegou lá. Ele fez mais duas canções que se tornaram conhecidas – “Think of Laura” e “Al Right”, no álbum “Another Page” (1983) –, mas nunca mais conseguiu chegar perto do sucesso vertiginoso de sua estreia.
Deep Purple
Além dos sucessos do passado, Cross diz que também pode incluir no show algo do trabalho que está fazendo agora – um álbum “quase instrumental” em que mostra seus dotes de guitarrista. Entre os feitos do músico nesta área está um show em que substituiu Ritchie Blackmore no Deep Purple, nos anos 1970.
A montanha-russa não foi algo banal, conforme ele conta em entrevistas. O curto período de sucesso foi intenso e, segundo ele, difícil. “Querem que você bote um ovo de ouro toda hora”, ele teria se queixado nos anos 1990. Mais tarde, disse que passou a lidar melhor com isso. “Você aprende a ser uma pessoa boa e aprende a ser humilde”, diz Cross, em uma resposta enviada por e-mail para a Gazeta do Povo.
Cross diz que vai tocar estes mesmos hits novamente em seus shows no Brasil, mas que também quer mostrar seu material mais recente – um dos motivos para continuar saindo em turnê. “Tenho 14 álbuns e muito deste material não está no rádio”, explica.
Cross se diz animado com o novo projeto, que considera um “conceito único”. Mas não mostra o mesmo otimismo ao falar sobre música em tempos de internet. “Mudou completamente e não para melhor, em minha opinião”, critica. “Sinto falta do ciclo de fazer álbuns e colocá-los à venda. Entendo que a internet abriu portas para mais gente mostrar sua música, mas as receitas encolheram a um ponto em que acho que os artistas não estão sendo compensados de forma justa pela sua arte, particularmente pelo Google. Acho que o streaming é um modelo bom se as proporções foram equitativas.”
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