Assistir a uma performance do trio curitibano de funk pancadão Bonde do Rolê em meio a uma platéia de nacionalidade não-brasileira é uma experiência no mínimo hilária. A postos na fila do gargarejo, a reportagem do Caderno G acompanhou o show do trio formado pelos MCs Marina Ribatski e Pedro DEyrot e o DJ Rodrigo Gorky, que se apresentaram na tenda Cosmopol (lotada, mesmo diante do show do The Who, que se apresentou no palco ao lado), na terceira noite do festival de Roskilde, na Dinamarca.
Apresentados à platéia por uma típica dinamarquesa de mais de 40 anos (de corpo robusto, cabelos curtos e bochechas rubras) como o "maior fenômeno da música atual" e "donos da performance mais selvagem dos últimos tempos", o Bonde do Rolê (nome que a apresentadora teve nítidas dificuldades de pronunciar) subiu ao palco do festival ovacionado por uma platéia que tentava acompanhar os versos das músicas da maneira que podia. O refrão devidamente coreografado de "Solta o Frango" ("rolê/rolê") mais parecia cantado por uma torcida de tourada ("olé/olé", segundo os dinamarqueses).
Visivelmente se divertindo o trio volta e meia caía na gargalhada em meio às canções , Marina, Pedro e Gorky brincavam com a platéia, faziam piadas em português que ninguém entendia (com exceção da meia dúzia de brasileiros que lá se encontrava) e aproveitavam a excelente estrutura sonora para despachar suas misturas de funk com riffs de "Man in the Box" (Alice in Chains), "Tieta" (Luiz Caldas) e "The Final Countdown" (Europe) esta última a mais aplaudida, por ser o principal hit da banda sueca oitentista.
Após o show, equipes de tevê faziam fila no backstage para entrevistar o trio, que comemora as boas vendagens do álbum de estréia With Lasers, lançado há poucos meses no exterior pela Domino Records (mesmo selo do Arctic Monkeys) e a agenda lotada até setembro, com shows na Alemanha, Rússia, Escócia, Irlanda e (pasmem!) Japão.
Enquanto isso, no Brasil, as negociações para o lançamento nacional de With Lasers continuam sem definição, e o movimento de ódio ao Bonde do Rolê ganha cada vez mais adeptos, especialmente entre bandas da cena indie, inconformadas com o sucesso meteórico do trio. "Fico um pouco triste com isso, mas fazer o quê? Que é uma piada acho que todo mundo já entendeu, o que falta mesmo é senso de humor", analisa Marina, segundos antes de ir ao ar em rede televisiva internacional.
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