• Carregando...
Respostas comentadas do simuladinho de Matemática |
Respostas comentadas do simuladinho de Matemática| Foto:

Na onda funk do Bonde do Rolê

Clique aqui para ler a matéria

Fundada há mais de mil anos pelos vikings (marinheiros colonizadores durante a Idade Média), a pequena cidade de Roskilde – localizada a oeste da capital dinamarquesa Copenhague e habitada por pouco mais de 50 mil pessoas – presencia, todos os anos, uma invasão de pessoas de todos os cantos da Europa.

Munidas de mochilas, barracas e uma resistência admirável às mais adversas condições climáticas do verão dinamarquês, elas têm em comum um único intuito: conferir as centenas de atrações musicais que compõem a escalação do Roskilde Festival, evento que, ao lado dos ingleses Glastonbury e Reading, está entre os mais importantes festivais de rock do velho continente.

Em sua 37.ª edição, cerca de 180 bandas revezaram-se em seis palcos, entre elas, veteranos do rock como The Who e Red Hot Chili Peppers; ícones do hip-hop como o trio nova-iorquino Beastie Boys; nomes da velha guarda indie como The Flaming Lips, Wilco, Buffalo Tom e Spiritualized; representantes da nova música eletrônica como LCD Soundsystem, Diplo, Datarock e Justice; e as bandas mais hypadas do momento como Arcade Fire, The Killers, Klaxons, Muse, Arctic Monkeys e os brasileiros Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê.

De galochas nos pés (estes revestidos ainda por dois pares de meias e duas sacolas plásticas), capa de chuva e muita resistência – que, apesar de nem se comparar à herdada dos descendentes de vikings, é digna de quem já sobreviveu a inúmeros shows na gelada Pedreira Paulo Leminski sem pegar sequer um resfriado –, a reportagem do Caderno G esteve em Roskilde para conferir de perto alguns dos shows que farão parte da próxima edição curitibana do Tim Festival, que acontece no final de outubro, na já citada Pedreira.

Debaixo de uma chuva que durou mais de 35 horas ininterruptas, o primeiro dia de Roskilde foi marcado pela produzida apresentação do quarteto norte-americano The Killers, liderado pelo vocalista Brandon Flowers, que vestido de dourado da cabeça aos pés, mostrou o potencial do subestimado Sam’s Town, segundo disco da banda, lançado no ano passado.

Vinte minutos antes da apresentação, Brian conversou rapidamente com um grupo de jornalistas brasileiros presentes no festival dinamarquês e revelou suas expectativas em relação aos shows que o grupo fará no Brasil (incluindo aí uma escala confirmada em Curitiba). "Nunca estive no Brasil, mas sempre quis ir para a América do Sul. Meu irmão morou no Chile durante dois anos e temos contato com muitos sul-americanos que vivem nos EUA, para mim, as pessoas mais amigáveis que conheço", conta o acanhado vocalista, poucos minutos antes de subir ao palco e transformar-se em uma persona que vem cuidadosamente lapidando com o intuito de um dia atingir a desenvoltura de um dos principais ícones do rock. "Estou aprendendo a ser um um performer, pois isso não é algo natural. Ainda pareço um pouco duro, travado, como se não estivesse confortável. Não estou estou nem perto de parecer o Freddie Mercury no palco. Terei muito trabalho até lá", admite.

Logo após o The Killers, ainda na chuvosa noite de quinta-feira, dia 5 de julho, a islandesa Björk apresentou, à meia-noite, o show de seu mais novo álbum, Volta, a uma platéia encharcada da cabeça aos pés, porém não menos animada. Descalça e envolta em um bufante vestido colorido, Björk intercalou canções novas a hits de álbuns anteriores como Post (1995) e Homogenic (1997), numa performance que, apesar de pouco inédita em termos de repertório, também deve agradar aos brasileiros, graças à estrutura hi-tech da formação que acompanha a cantora – incluindo aí um grupo de dez mulheres instrumentistas de sopro (trompas, tubas, trombones, clarinetes e trumpetes), cada uma vestida com uma túnica de cor diferente e todas donas de cortes de cabelo de dar inveja à Cyndi Lauper.

No domingo, último dia de Roskilde, a chuva já havia cessado há dois dias inteiros, dando até uma chance ao sol, mas a lama, formada em 100% do terreno onde estavam localizados os palcos, tomava consistência cada vez mais pegajosa nas solas e laterais da galochas, que a essas alturas, já pesavam como gessos em pés quebrados.

Uma certa poeira até levantou do chão com a apresentação dos guris ingleses do Arctic Monkeys, que, ocupando o gigante Orange Stage (palco principal que, na noite anterior havia sediado o emocionante show do The Who), deram conta do recado com um set enérgico, que apesar não ter impressionado muito os dinamarqueses – os jornais locais deram cotações de dois (no máximo de cinco) para o show –, com certeza irá incendiar as platéias brasileiras. Essas, menos resistentes à chuva e ao frio, são mais facilmente contagiadas por canções sinceras, tocadas por quatro "mates" que ainda exibem na cara as espinhas da recém-terminada adolescência.

* A jornalista viajou a convite do Tim Festival.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]