A identificação do O Rappa como banda de protesto, devido ao ritmo acelerado e letras bem diretas é coisa do passado. Ainda não totalmente, porque as letras das músicas incluídas no novo disco continuam incisivas, mas o ritmo mudou. "Não temos o pudor de ter que tocar certo, com a técnica específica. Acho que o novo CD representa a nossa evolução. Já estamos atingindo uma segunda geração, identificamos filhos de antigos fãs nos shows. Afinal, são 16 anos de estrada", afirmou Xandão Meneses, guitarrista do O Rappa.
A banda formada por Marcelo Lobato (teclados), Lauro Farias (baixo), Xandão Meneses (guitarra) e Marcelo Falcão (vocal) ganhou reconhecimento nacional com sucessos como "Minha Alma", "Miséria S.A." e "Pescador de Ilusões", entre outros, que falam de problemas sociais e existenciais de quem se sente oprimido e quer se libertar. Aliado às letras, a música da banda sempre foi identificada pela batida forte e acelerada.
No novo disco de inéditas e o sétimo da carreira, "7 Vezes", lançado depois de cinco anos (o último foi "O Silêncio que Precede O Esporro" de 2003), a banda mantém a batida forte, mas o ritmo está mais suave incluindo até uma balada, não tão romântica, que dá nome ao disco.
Pesquisa
Na busca por novos timbres, os integrantes do grupo não se intimidam ao pegar um cavaquinho ou um instrumento indiano que ninguém da banda toca direito. "Gostamos de explorar o som do instrumento para juntar à nossa formação básica", explicou o guitarrista. "Muito do que entra nos discos é decidido quando a banda está em estúdio, em processo de criação", completou. No novo trabalho foram utilizados objetos como balde, correntes, panelas, enxada, facão, utilizados pelo grupo na busca por uma melhor sonorização.
A pesquisa também se estende a outros artistas, no último ano a banda se focou na obra de Luiz Gonzaga, o Gonzagão, o que pode surpreender aos fãs da banda, mas bem explicado por Xandão. "Ele (Gonzagão) tem uma obra enorme e com letras bem incisivas que falam muito bem das dificuldades do povo do sertão. O Rappa é uma banda que fala da sua vivência no Rio de Janeiro, uma cidade onde a convivência entre os abonados e não abonados é muito próxima, além da violência e a beleza natural maravilhosa. E daí identificamos essa semelhança entre nossas obras. Antes de morar em Curitiba, morei 16 anos no Rio e vivi essas diferenças", afirmou o guitarrista.
A demora para sair o novo disco de inéditas é justificada pelas longas turnês do O Rappa com a coletânea do Acústico MTV, lançado após o "Silêncio que Precede o Esporro", que durou três anos. "Nunca tivemos preocupação em fazer rápido um disco com novas canções porque sempre demoramos cerca de dois anos para lançar um novo trabalho. Preocupamos mais com a qualidade, com coisas relevantes, por isso só entramos em estúdio quando temos alguma coisa pra dizer", justificou o guitarrista, que há seis anos reside em Curitiba por motivos pessoais.
Mesmo morando fora do Rio, local onde a banda surgiu, Xandão diz que não tem dificuldades para trabalhar. "A gente viaja muito fazendo shows e está todo mundo fora de casa. Quando precisa eu fico no Rio. Para o novo disco eu gravei as guitarras aqui mesmo em Curitiba. Quando nos reunimos para começar a finalizar o disco, com as gravações separadas, tudo se encaixou bem. A gente já tem uma integração e identidade bem definida" comentou Xandão.
A banda apresenta o show "7 Vezes" nesta sexta-feira (17), em Curitiba, no Curitiba Master Hall. Apesar do disco novo, do show ter um roteiro novo, Xandão garante que antigos sucessos fazem parte do repertório. "Se não tocar Pescador de Ilusões, Minha Alma a gente apanha. Também são canções que dão prazer, que fez a banda conquistar tudo que tem hoje", afirmou o músico ressaltando que a banda tem grande expectativa para o show na capital paranaense. "Curitiba é muito importante, primeiro lugar que deu bastante reconhecimento pra banda. Vamos fazer um show pra arrebentar", avisa Xandão.
Serviço: Prepare-se para o show "7 Vezes", do O Rappa, dia 17 de outubro, em Curitiba