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A questão social é uma preocupação que você tentam conciliar com a vida profissional?

Nicete – O artista de modo geral tem essa preocupação social. A gente não trabalha para se mostrar ou receber benesses. A função social do teatro é muito forte. Trabalhamos para a formação e a promoção do indivíduo, para que as pessoas comecem a pensar, a agilizar a ação. Independente disso, somos espíritas. Somos o núcleo de São Paulo da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, sediada aqui em Curitiba. Então estamos muito ligados a todo esse trabalho de participação humana, no sentido de arregaçarmos as mangas para que o mundo fique um pouco melhor. Claro, não deixamos de ter a nossa visão crítica sobre o que nos rodeia, mas não adianta só reclamar.

Paulo – O que é preciso fazer para que uma pessoa seja motivada a sair de casa? Hoje, a motivação é fundamental para tudo na vida. E para conseguir motivar as pessoas, é preciso acreditar no que faz, estudar, criar parcerias. Ninguém consegue sobreviver sem parcerias, em todos os níveis. Isso se percebe no processo político, até no religioso. As pessoas precisam se unir, criar a percepção do que significa de fato a globalização. Esse mundinho é uma coisa só e se a gente não der as mãos ele vai acabar. Então, dentro do nosso universo pequenininho, a gente vai plantando sementinhas.

Você estão idealizando um espetáculo biográfico?

Paulo – Sim, o Retrato de Vida. Estamos ainda em fase de estudo. A temática está tão explorada, que queremos ter cuidado.

Nicete – A idéia é mostrar um casal de atores, há algum tempo na labuta (risos), e que, automaticamente, mistura sua vida pessoal com a profissional. Claro que a vivência com essas personalidades todas que formaram os inúmeros personagens que realizamos, em algum momento, bateu com a nossa individualidade. É esse enfoque da mostrar um casal já de certa idade, num processo reflexivo...

Paulo – Casal "master".

Nicete – É, nós não somos mais da terceira idade, já somos "master". (risos)

Paulo – O ofício do ator tem uma coisa muito curiosa. Você mergulha em cada personagem e por mais que seja ficção ela sempre tem um raiz verdadeira. Isso dá a pessoa uma dinâmica de vida, ao invés de torná-la pretensiosa por achar que sabe muito. Nada é estático, quanto mais se vive, mais se aprende. Isso é o que a gente procura no nosso ofício. Queremos trocar experiências, passar conhecimento, diversão, coisas lúdicas, valores.

A que vocês atribuem o sucesso dessa parceria duradoura, tanto na vida conjugal quanto nos palcos?

Nicete – Tudo começa com um sentimento forte. Somos pessoas diferentes, felizmente, mas com objetivos de vida comuns. Isso faz com que a gente se identifique. A vida é feita de ciclos e nós passamos por todos, com uma vontade de crescer, de aprender, de se emocionar. Além disso, temos uma sintonia muito forte, uma cumplicidade. Então, as diferenças servem para estimular a admiração que um sente pelo outro. Faz com que a gente não tenha percebido que esse tempo todo passou. Há muito pouco tempo que nós chegamos a essa conclusão ouvindo as pessoas dizerem "quanto tempo!". É uma vida inteira, e vou te dizer, cheia de surpresas, ainda de encantos, porque senão não teria sentido.

Eu acho que a nossa profissão ajuda muito. Porque ela faz você usar o processo reflexivo e, no nosso caso, esse processo ajuda na relação. Acho que hoje a minha relação com o Paulo é melhor do que aquela que iniciou. Diferente, mas melhor.

Paulo – Mas, não tem fórmula, não.

Nicete – Não existe. A nossa química deu certo.

Paulo – É uma receita: você mistura amor, humor, generosidade, alegria e gera felicidade.

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