No futuro, uma “rede de cérebros”

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Quando foi lançar o livro em que conta a história de seus projetos, neste ano, Miguel Nicolelis disse que a publicação poderia ter dois efeitos: alavancar a sua carreira ou arruinar com ela. Agora, três meses depois de seu lançamento no Brasil, o cientista diz, com um sorriso, que Muito Além de Nosso Eu, editado pela Companhia das Letras, foi muito bem recebido. Nada que ameace a sua carreira à vista.O livro, escrito primeiro em inglês pelo próprio Nicolelis, com o título de Beyond Boundaries (algo como "Além das Fronteiras") mostra a evolução da neurociência desde o século 19. E tenta explicar como foi possível imaginar projetos grandiosos como aqueles de que Nicolelis participa hoje.Além de servir como um resumo da história da neurociência, o livro também faz "profecias" sobre o que pode vir daqui para a frente. Mostrando o avanço das pesquisas em anos recentes, o autor diz que é possível antever novos limites para as aptidões do nosso cérebro.Entre as visões que hoje parecem impossíveis estão, por exemplo, a de alguém que faça uma "viagem a Marte" sem sair de sua sala de estar. A ideia é que, no futuro, as sensações transmitidas por um robô em qualquer lugar, por mais distante que seja, possam ser transmitidas e sentidas por alguém.A "brainet" seria ainda mais revolucionária. O cientista diz que é possível conceber uma espécie de "internet de cérebros", na qual, o que está conectado não são computadores, mas sim seres humanos. E uma pessoa poderia, assim enviar mensagens para a outra sem mover um músculo: apenas pensando.Algumas coisas parecem menos distantes. Estudos conduzidos em ratos, por exemplo, já avançam na tentativa de fazer com que haja uma interação sensorial entre dois seres vivos. Ou seja: um rato com neurotransmissores sente algo com suas vibrissas faciais (os "bigodes") e outro, o receptor, "sente" o mesmo que ele sentiu.

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Serviço:

Muito Além de Nosso Eu. Miguel Nicolelis. Companhia das Letras. 552 págs. Preço médio: R$ 39,50.